O Estado de S. Paulo

Câmara aprova MP que muda royalties da mineração

Texto-base da Medida Provisória 789 amenizou o aumento das alíquotas que serão cobradas na exploração de minérios; texto segue agora para o Senado

- Daiene Cardoso / BRASÍLIA

Sob pressão das mineradora­s, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem o texto-base da Medida Provisória (MP) 789 que promove mudanças nos royalties da mineração. O texto aprovado acabou amenizando o aumento das alíquotas que serão cobradas na exploração de minérios.

Prefeitos e vereadores de municípios mineradore­s, em especial do Pará e de Minas Gerais, acompanhar­am a votação na galeria da Câmara. A MP corre o risco de perder a eficácia na terça-feira se não for concluída sua tramitação no Congresso Nacional. “Hoje é tudo ou nada”, apelou o relator Marcus Pestana (PSDB-MG).

O único destaque votado foi do PSOL e previa alíquotas mais generosas para exploração de minérios na Região Amazônica. A proposta foi rejeitada. O texto seguirá para o Senado.

A proposta aprovada previa inicialmen­te que fosse aplicada uma alíquota fixa de 4% sobre a produção de minério ferro, por conta da Compensaçã­o Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Hoje essa alíquota é de 2% da receita líquida.

Para garantir a votação da matéria, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), costurou um acordo para que a alíquota do ferro fechasse em 3,5% da receita bruta, ou seja, menos R$ 350 milhões por ano aos cofres públicos.

O relator aceitou reduzir a alíquota do ouro de 2% para 1,5% e a dos fertilizan­tes de 1% para 0,2% para derrubar os 19 destaques propondo alteração no texto.

Na comissão especial, o governo defendia que houvesse uma cobrança gradativa, oscilando entre 2% e 4%, conforme caracterís­ticas e portes da exploração. O texto do relator propôs que, em casos de pequenas minas e jazidas de baixo desempenho, conforme critérios técnicos predefinid­os, fosse mantida a alíquota fixa de 2%.

A proposta do relator estabeleci­a primeirame­nte que 10% das arrecadaçõ­es da CFEM seriam destinadas a municípios que são diretament­e atingidos pela extração mineral, mas que não estão na área da mineração em si, como aqueles que são cortados por ferrovias, por exemplo. No acordo desta noite, o porcentual ficou em 15%.

O texto muda a divisão dos royalties. A União, que fica com 12% da arrecadaçã­o, passa a ter 10%.

Os Estados produtores passaram a ter seu porcentual de 23% reduzido inicialmen­te para 20%, mas após acordo entre líderes partidário­s o valor caiu para 15%. Os municípios onde a mineração ocorre, e que ficavam com 65%, viram a participaç­ão cair para 60%.

Pressão “Hoje é tudo ou nada.” Marcus Pestana (PSDB-MG) RELATOR DA PROPOSTA

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