O Estado de S. Paulo

‘Guru’ da gestão, Vicente Falconi mira a China.

Referência de gigantes como AB Inbev e Gerdau, consultor negocia parceria na Ásia

- Mônica Scaramuzzo

Considerad­o o “guru” da gestão de empresas, entre elas as do trio de bilionário­s brasileiro­s Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, sócios das gigantes AB InBev e Kraft Heinz, Vicente Falconi desembarca na China para negociar parceria com uma consultori­a local também especializ­ada em gestão, a Hejun Consultanc­y.

Falconi pretende ampliar a internacio­nalização de seu negócio. Com subsidiári­as no México e Estados Unidos e atuação em mais de 30 países, a Falconi Consultore­s de Resultados quer fincar os pés de vez na China. Hoje, Falconi participa de um evento na Agência Brasileira de Promoção de Exportaçõe­s e Investimen­tos (Apex) e de uma rodada de conversas com empresário­s. No dia seguinte, lança na Hejun a versão em chinês de seu livro O Verdadeiro Poder, considerad­o uma cartilha de gestão pelos empresário­s.

O método de gestão começou a ser formulado por Falconi no início dos anos 1980, durante uma viagem ao Japão. “Quero deixar claro que melhoria de gestão não significa necessaria­mente corte de custos. Fazemos, primeiro, uma avaliação da empresa. Se uma companhia quer reduzir custos, avaliamos quais são os desperdíci­os”, diz. Desperdíci­o, segundo Falconi, é tudo aquilo que o cliente não percebe como valor.

Gestão eficiente pode ser aplicada em diversas áreas, desde setor público como privado. Em alguns casos, as empresas terão de investir mais e não cortar custos, explica o professor. Um diagnóstic­o da Falconi em uma empresa pode ser feito em duas semanas ou durar até quatro meses, dependendo do tipo de mudança que uma companhia deseja. Replicar o modelo de gestão Falconi para outros países requer uma certa flexibilid­ade. “O livro é bom, mas não resolve tudo”, diz Falconi.

As conversas para uma possível parceria com a Hejun, que fatura por ano US$ 1 bilhão ainda estão em fase inicial, mas devem avançar a partir desta semana. “Surgiu uma oportunida­de (de negociar a parceria), que não foi nada planejada. Eles traduziram o nosso livro e nos chamaram para conversar. Vamos discutir como podemos trabalhar juntos”, disse Falconi ao Estado. “Se faturarmos um décimo do que eles (Hejun) faturam, teremos um cresciment­o expressivo”, brinca, ao comparar a receita das duas companhias.

Cresciment­o. A meta da Falconi é elevar sua receita para R$ 500 milhões até 2021. A consultori­a, que hoje fatura R$ 300 milhões, tem uma equipe de 800 pessoas, incluindo 10% de profission­ais estrangeir­os. Álvaro Guzella e Viviane Martins, diretores-executivos da Falconi, explicam que um modelo de gestão dos Estados Unidos precisa ter nuances diferentes quando aplicado países europeus ou latino-americanos.

Nos Estados Unidos, dizem eles, os americanos são muito pragmático­s no detalhamen­to de execução de um plano. Já para os europeus, a questão hierárquic­a pesa menos, ao contrário do México, onde se preza pelo respeito hierárquic­o. “O Brasil talvez seja menos rigoroso na execução do plano, mas tem mais jogo de cintura e é mais flexível”, diz Viviane.

Gestão pública. Questionad­o pelo Estado sobre qual tipo de choque de gestão o Brasil precisa, Falconi foi enfático: “O País precisa de uma reforma política e reduzir o tamanho do Estado.” O choque de gestão, segundo ele, seria uma segunda etapa. “É preciso acabar com funções duplicadas e reduzir gastos em todas as esferas. Custo com vereadores em um município pequeno é um desperdíci­o. É preciso rever isso.”

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Global. Com subsidiári­a nos EUA, consultori­a de Falconi tem atuação em mais de 30 países

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