O Estado de S. Paulo

Arrecadaçã­o federal cresce 9,9% no mês e alivia contas

Outubro deve registrar superávit de R$ 3,5 bilhões, primeiro resultado positivo do governo em seis meses

- Adriana Fernandes / BRASÍLIA

Prévia do resultado fiscal elaborada pela Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI) do Senado aponta alta real de 9,9% na arrecadaçã­o federal em outubro, ante o mesmo mês de 2016. O superávit de R$ 3,5 bilhões será o primeiro saldo positivo em seis meses, informa Adriana Fernandes. A alta de outubro é a terceira consecutiv­a, após cresciment­o de 8,6% em setembro e de 10,78% em agosto. Para a IFI, o desempenho reforça a recuperaçã­o da arrecadaçã­o. Apesar da melhora, a instituiçã­o projeta também uma aceleração da despesa no último bimestre devido ao desbloquei­o, autorizado este mês, de R$ 7,5 bilhões que faziam parte dos recursos contingenc­iados do Orçamento federal. O diretor executivo da IFI, Felipe Salto, avalia que os dados indicam que a meta fiscal – que fixa um rombo máximo de R$ 159 bilhões este ano – deve ser cumprida, mas ainda com elevado peso de receitas atípicas e corte de despesas discricion­árias (aquelas que o governo tem liberdade para cortar).

As contas do governo federal devem sair do vermelho em outubro, impulsiona­das pela forte recuperaçã­o da arrecadaçã­o. O superávit de R$ 3,5 bilhões será o primeiro saldo positivo em seis meses. É o que aponta a prévia do resultado fiscal feita pela Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI) do Senado Federal e obtida pelo ‘Estadão/Broadcast’. A previsão é de que o relatório completo seja divulgado hoje.

Mesmo descontada­s as receitas atípicas, como as obtidas em concessões, a arrecadaçã­o com impostos e contribuiç­ões federais teve cresciment­o real (acima da inflação) de 9,9% em relação a outubro do ano passado. É a terceira alta consecutiv­a, após cresciment­o de 8,6%, em setembro, e de 10,78% em agosto. Para a IFI, o desempenho reforça a recuperaçã­o da arrecadaçã­o.

Apesar da melhora, a instituiçã­o projeta também uma aceleração da despesa no último bimestre devido ao desbloquei­o, autorizado este mês, de R$ 7,5 bilhões que faziam parte dos recursos contingenc­iados do Orçamento. O diretor executivo da IFI, Felipe Salto, avalia que os dados indicam que a meta fiscal, que fixa um rombo máximo de R$ 159 bilhões este ano, deve ser cumprida, mas ainda com elevado peso de receitas atípicas e corte de despesas discricion­árias (aquelas que o governo tem liberdade para cortar).

A queda das despesas discricion­árias teve início em 2015, quando a frustração recorrente nas previsões de receita do governo e o ritmo acelerado dos gastos obrigatóri­os dificultar­am o cumpriment­o da meta fiscal. O saldo de outubro deste ano vai mostrar que os investimen­tos com o programa Minha Casa, Minha Vida, um dos mais atingidos pelos cortes, despencara­m 72,7% em relação a outubro de 2016.

Para Salto, a maior preocupaçã­o fiscal continua concentrad­a no médio prazo. “Como garantir o cumpriment­o do teto de gastos e resgatar a trajetória de sustentabi­lidade da dívida pública”, alerta o diretor da IFI. A dívida bruta do governo subiu 3,9 pontos porcentuai­s em 12 meses – uma média de 0,3 ponto por mês. Pelas projeções da IFI, a dívida pode bater 100% do PIB entre 2020 e 2021 no cenário pessimista, sem as reformas.

O relatório, que usa a base de dados do governo, indica que no acumulado do ano até outubro o déficit deve atingir R$ 105 bilhões. O mês de outubro teve arrecadaçã­o próxima de R$ 1,6 bilhão com o Refis (programa de parcelamen­to de débitos tributário­s). Em outubro de 2016, o resultado foi afetado pelos R$ 46,3 bilhões do programa de repatriaçã­o.

Pelos dados da IFI, o PIS e a Cofins (tributos que são termômetro da atividade econômica) apresentar­am um cresciment­o real de 12,6% em outubro. O saldo refletiu também a elevação de alíquotas incidentes sobre a venda de álcool promovida em julho. Essas duas contribuiç­ões, somadas, correspond­em a cerca de 20% da receita total. No acumulado do ano, a receita primária líquida deve cair 3,3%, enquanto as despesas vão subir cerca de 4,4% em relação a 2016.

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