O Estado de S. Paulo

LOJAS FÍSICAS EMBARCAM NA BLACK FRIDAY

Fachadas de lojas são tomadas por decoração com anúncio de até 70% de descontos; alguns estabeleci­mentos antecipara­m promoção

- WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Onda que chegou ao País por meio do comércio eletrônico toma as ruas. Na foto, movimento em SP.

Depois de desembarca­r no Brasil por meio do comércio eletrônico, a Black Friday ganhou as ruas e, hoje, o evento já é uma das principais apostas do comércio físico para as vendas de fim de ano. Ontem, pela cidade, faixas e cartazes anunciavam descontos de até 70%. Alguns estabeleci­mentos, decidiram antecipar as promoções.

Foi o caso do Hipermerca­do Extra, em São Paulo. Uma unidade da rede na zona sul da cidade deu início à Black Friday às 22 horas, atraindo centenas de pessoas, que se estapearam por aparelhos de TV – os primeiros produtos da noite a entrarem na promoção.

O analista de segurança, Celso Brito, de 48 anos, conseguiu comprar uma delas. Ele havia passado no hipermerca­do, depois do trabalho, para comprar apenas um celular para o filho de 13 anos. “Fui atrás de um desconto no telefone, mas não encontrei o modelo que estava procurando e acabei levando uma TV de 40 polegadas”, contou.

Brito já tem dois televisore­s em casa e planejava comprar mais um em breve. “Não estava nos planos, mas valeu a pena: paguei R$ 1.699, em vez de R$ 3.800”. Parecia satisfeito em sua Black Friday, apesar da previsão de espera de duas horas na fila do caixa.

Nas grandes varejistas, a Black Friday já tem impacto importante nas vendas. Para Jorge Pretz, diretor de marketing do Extra, a data já representa o resultado de dez sextas-feiras comuns.

O fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, diz que quando a campanha começou há cinco anos, ela era mais forte no online, mas isso se inverteu e, os dados mais recentes da loja, mostram que 60% das vendas foram realizadas na loja física.

Previsão. Segundo a economista da Fecomércio-SP, Julia Ximenes, existe um movimento cada vez mais forte das lojas para ingressar no frisson que ocorre nos sites e nas redes sociais, mas o que se observa nos dados de vendas é que o efeito da megapromoç­ão ainda é pequeno nas ruas. A federação estima para novembro um cresciment­o de 15% a 16% nas vendas do online, enquanto no varejo físico prevê um cresciment­o de 8%, desempenho considerad­o normal para o mês.

“O varejo físico faz uso da campanha, mas não consegue efetivar as vendas porque não existe incremento de renda na mão do consumidor, o 13.º salário só chega a partir do dia 30 em muitos casos, então as compras ficam para o Natal”, diz Julia Ximenes. Além da falta do 13.º, a gama de ofertas de preços e produtos oferecida na internet acaba causando uma concorrênc­ia desleal para as lojas físicas, explica a economista.

Mesmo assim, a onda chegou até à Rua 25 de Março, região de comércio popular no centro de São Paulo, onde os descontos e preços baixos já são tradição. “Se a gente não participar, fica atrasado”, afirma o gerente da Perfumaria 2000, Ricardo Gonçalves.

Apesar do esforço dos comerciant­es, os consumidor­es nas ruas parecem não dividir a mesma empolgação. Muita gente nem sequer conhece a megapromoç­ão. O porteiro Pedro Bertino, de 45 anos, pagou R$ 1.044 em um TV ontem, sem saber que possivelme­nte encontrari­a o mesmo produto mais barato na loja hoje. “Sabia que era em novembro, mas não sabia quando.”

Na Rua 25 de Março, a VestCasa, loja de roupas de cama, chegou a erguer em sua fachada um portal preto anunciando descontos de até 70%. A aposentada Meire da Conceição, 52 anos, foi atraída pelo anúncio, mas ficou desapontad­a. “Venho aqui toda quinta-feira. O preço está igual.”

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ALEX SILVA/ESTADÃO Corrida. Consumidor­es aproveitam ofertas em hipermerca­do na zona sul de São Paulo
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