Adriana Ancelmo
Ex-primeira-dama do Rio é mandada de volta à prisão.
Por três votos a dois, a 1.ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2) ordenou ontem o retorno da ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), ao regime fechado. Ela foi presa na Operação Calicute em 2016 e condenada a 18 anos de reclusão por associação criminosa e lavagem de dinheiro pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal, mas estava em prisão domiciliar desde março sob o argumento de que é mãe de criança menor de 12 anos.
O pedido da cassação da prisão domiciliar foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF). Os procuradores sustentaram que a concessão do regime domiciliar “representa enorme quebra de isonomia, num universo de milhares de mães presas no sistema penitenciário sem igual benefício”.
“Podíamos entrar no Supremo com pedidos para que todas as rés nessa situação fossem soltas, mas não é assim. Devem ser levados em conta outros requisitos”, disse a procuradora da República Mônica de Ré. Ela ressaltou que os filhos do casal têm assistência de parentes, estão em bons colégios e têm acompanhamento médico.
Protesto. Agentes da Polícia Federal foram ao apartamento de Adriana e Cabral, no Leblon, zona sul do Rio, no início da noite de ontem. Sob gritos, de “pilantra”, Adriana foi levada para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, mesmo local onde estão acusados de integrar uma organização criminosa que seria chefiada por Cabral.
A 1.ª Seção Especializada do TRF-2 já havia determinado o retorno de Adriana para uma unidade prisional em abril. Porém, como a decisão não foi unânime, a defesa recorreu. A lei processual prevê a possibilidade dos chamados embargos infringentes no caso de divergência do colegiado julgador. Por isso, Adriana conseguiu permanecer em prisão domiciliar até ontem. O advogado de Adriana, Renato Moraes, disse que ela não oferece risco para a sociedade. Ele informou que entrará com recurso nos tribunais de Brasília.