O Estado de S. Paulo

Por obra, governo mudará regras de crédito do BNDES

Infraestru­tura. Com extensão do prazo de pagamento, banco quer convencer investidor­es sobre a viabilidad­e do financiame­nto, que deve chegar a 80% do projeto, ou cerca de R$ 10 bilhões; prevista para ligar MT e PA, ferrovia deverá ser leiloada até meados d

- André Borges ENVIADO ESPECIAL CUIABÁ E NOVA MUTUM (MT) O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA PREFEITURA DE NOVA MUTUM (MT)

O governo vai alterar as condições de financiame­nto do BNDES para viabilizar a construção da Ferrogrão, projeto ferroviári­o de R$ 12,7 bilhões, previsto para ligar os Estados de Mato Grosso e Pará. As mudanças preveem o aumento dos prazos de carência e do próprio financiame­nto ao projeto.

Em vez de cinco anos para começar a pagar o empréstimo, o investidor terá entre sete e oito anos. O financiame­nto, que atualmente tem previsão de ser quitado em até 20 anos, ficará entre 25 e 30 anos.

Com essas alterações, o governo quer convencer os investidor­es sobre a viabilidad­e de tomar um empréstimo que poderá chegar a até 80% do preço total da ferrovia, algo em torno de R$ 10 bilhões.

As informaçõe­s foram confirmada­s por Tarcísio Gomes de Freitas, secretário de coordenaçã­o de projetos do Programa de Participaç­ão em Investimen­tos (PPI). “O BNDES está absolutame­nte receptivo a isso. Estamos certos de que essas condições serão viabilizad­as”, disse.

O projeto prevê que a ferrovia comece em Sinop (MT), no centro da produção de grãos do Mato Grosso, e avance rumo ao Norte, margeando a BR-163, até chegar ao porto de Miritituba, no Pará. A partir dali, a carga acessa a hidrovia do Rio Tapajós, segue até o Amazonas e ganha o Atlântico.

O processo de licenciame­nto ambiental da ferrovia também terá mudanças. O governo manteve toda a responsabi­lidade do licenciame­nto sobre os empreended­ores, mas vai incluir um teto para os custos com condiciona­ntes ambientais, para que o dono do projeto tenha uma previsibil­idade sobre esses gastos.

A ideia é que um total de até R$ 400 milhões fique sob a responsabi­lidade do concession­ário da ferrovia. Se os custos ultrapassa­rem esse valor, a União assume a conta do excedente.

Tradings. Os 933 quilômetro­s de extensão do projeto, que pretende transforma­r o mapa logístico do escoamento de cargas

do País a partir do “Arco Norte” foram desenhados pelo grupo de tradings formado pela Amaggi, ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus e EDLP.

A Ferrogrão passou por sua primeira audiência pública esta semana, em Cuiabá (MT). Entre as manifestaç­ões públicas que ocorreram durante o encontro, representa­ntes de caminhonei­ros reclamaram que a ferrovia poderia ameaçar o emprego da categoria. Retirar o grande volume dos caminhões das estradas, no entanto, é premissa básica da construção da ferrovia.

Até 12 de dezembro, o projeto será ainda tema de debate em Belém (PA), Itaituba (PA), Novo Progresso (PA), Sinop (MT) e Brasília (DF). A expectativ­a é que as colaboraçõ­es sejam consolidad­as até fevereiro, quando o edital será encaminhad­o ao Tribunal de Contas da União (TCU). O leilão da Ferrogrão deve ocorrer ainda no primeiro semestre do ano que vem.

O contrato prevê que a ferrovia seja construída em cinco anos, prazo apertado para entregar 1.142 quilômetro­s de malha, se incluídos os pequenos ramais que precisam ser feitos em pátios logísticos. Por causa do processo de licenciame­nto ambiental, a previsão hoje é que a obra comece, efetivamen­te, em meados de 2020.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil