O Estado de S. Paulo

Vazamento de dados pode afetar investimen­to no Uber.

Vazamento de dados de 57 milhões de usuários do app de transporte pode reduzir acordo com o grupo japonês, que era avaliado em US$ 14 bi

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O vazamento de dados de milhões de usuários do Uber pode atingir a venda de parte da empresa para o grupo japonês SoftBank, em uma operação que pode envolver até US$ 10 bilhões e dar aos japoneses pelo menos 14% de participaç­ão no aplicativo de transporte.

Na última terça-feira, o Uber revelou que pagou US$ 100 mil a hackers para destruir os dados de 57 milhões de usuários e motoristas, que foram roubados da companhia. O incidente ocorreu em outubro de 2016, ainda na gestão de Travis Kalanick, e não foi reportado às vítimas e autoridade­s, contrarian­do leis de proteção de dados pessoais em diversas partes do mundo.

O anúncio colidiu com os primeiros dias em que a SoftBank busca comprar ações detidas por atuais investidor­es do Uber. Para analistas, a revelação do roubo dos dados pode fazer o Softbank querer alterar

o preço do acordo com o Uber.

Uma fonte próxima ao assunto disse que o SoftBank pretende manter o acordo para investir no Uber, mas pode buscar termos melhores. O grupo japonês ainda não tomou uma decisão final sobre renegociaç­ão.

Outra questão é o futuro de Travis Kalanick, o cofundador que levou o Uber a se tornar uma potência global, mas o fez adotando táticas agressivas e controvers­as. Em junho, ele foi forçado por acionistas a sair da presidênci­a da companhia, diante de preocupaçõ­es de investidor­es de que seu estilo de liderança pudesse prejudicar o negócio. Apesar disso, Kalanick permaneceu no conselho de administra­ção e detém participaç­ão significat­iva no Uber.

Kalanick soube do vazamento dos dados dos usuários em novembro passado e estava ciente do pagamento de US$ 100 mil a hackers, de acordo com uma pessoa próxima ao assunto. Kalanick não quis comentar o assunto, e o Uber não respondeu a perguntas da agência Reuters.

Governos ao redor do mundo iniciaram investigaç­ões na quarta, após a revelação da empresa e pelo menos dois processos coletivos foram encaminhad­os nos EUA contra a companhia por não revelar as falhas de segurança, expondo os usuários a risco.

Risco menor. Porém, especialis­tas legais afirmaram que o Uber provavelme­nte enfrentará impactos financeiro­s limitados por conta do vazamento dos dados. A empresa poderá conseguir minimizar os efeitos dos processos com acordos com clientes e motoristas que obrigam o estabeleci­mento de arbitragen­s como forma de solução de disputas.

A professora de administra­ção Cynthia Clark, da Universida­de de Bentley, afirmou que os riscos vinculados ao vazamento de dados podem afetar a oferta pública inicial de ações do Uber, prevista para 2019. Enquanto isso, Steven Rubin, advogado especializ­ado em questões envolvendo segurança digital, afirmou que o Uber deverá esperar a partir desta semana mais auditorias e mais autoridade­s avaliando a companhia.

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