O Estado de S. Paulo

O craque que dobrou Guardiola

Atacante é garantia de bom futebol e gols

- Almir Leite

Esperança de gols do Brasil na Copa, Gabriel Jesus empolgou um dos maiores técnicos do mundo.

Um craque em processo de lapidação. A definição é de alguém que é ao mesmo tempo professor, fã e anjo da guarda do garoto de 20 anos: Pep Guardiola. Dono de talento incomum, o atacante do Manchester City é o principal jogador surgido no futebol brasileiro desde Neymar. Ainda tem muito a aprender e a fazer em campo. Já deu mostras, porém, de ter competênci­a para se tornar um dos grandes nomes do Mundial da Rússia em 2018.

Será a primeira Copa do menino nascido em bairro periférico da zona norte de São Paulo, que teve ascensão meteórica na carreira. Pouco antes de completar 18 anos, estreou no time principal do Palmeiras, amparado na enxurrada de gols que fazia na base. Antes dos 20 já estava no City, que desembolso­u sem pestanejar ¤ 32 milhões (R$ 123 milhões de hoje) por ele a pedido de Guardiola.

Considerad­o por muitos o melhor treinador do mundo, o espanhol logo enxergou em Jesus um conjunto de qualidades que só quem nasceu para jogar futebol tem: habilidade, visão de jogo, espírito de luta, força física (apesar da aparência franzina e da expressão de “bebê chorão”) e facilidade de colocar a bola da rede. “Estamos comprando gols”, resumiu Guardiola ao comentar para a imprensa inglesa a contrataçã­o do brasileiro.

Gabriel Jesus tem outras caracterís­ticas. Entre elas a personalid­ade, demonstrad­a, entre outras ocasiões, logo na estreia na seleção. Ele vinha de um ouro olímpico, e como um dos protagonis­tas após mau começo. Tite, iniciando o trabalho, resolveu apostar no garoto. Ganhou fácil. Na vitória por 3 a 0 sobre o então temido Equador, em Quito, fez dois gols e sofreu pênalti.

Fazia tempo que a seleção, que já viveu dos gols de Careca, Romário e Ronaldo, entre outros, não tinha um camisa 9 com tanto talento. Não demorou e começaram a compará-lo com o Fenômeno. Aí Guardiola apareceu de novo e pediu calma. “Ele tem tudo para ser um dos maiores do mundo, mas ainda há fatores que precisam melhorar. Estou aqui para ajudá-lo”, disse. “Precisa correr menos com a bola nos pés. No dia em que tiver calma e observar os movimentos que tem de fazer com a bola, se tornará igual ao Ronaldo.’’

O espanhol não é muito paciente. Muitas vezes dá chiliques quando um jogador não faz o ele que pede. Com Gabriel é diferente. É paciente nos jogos, treinos e até fora do clube – eles moram no mesmo condomínio em Manchester e Guardiola está sempre com o atacante. Jesus também aprende rápido. Em campo, está se colocando cada vez melhor na área, às vezes do lado oposto à jogada. Por isso, em muitos de seus gols, ele só precisa ter o trabalho de tocar a bola para as redes.

O próprio atacante não nega ter longo caminho a percorrer. Mas já fez o suficiente para ser titular da seleção de Tite e justificar a expectativ­a de que faça uma excelente Copa do Mundo.

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Gabriel. Atacante é uma das grandes revelações do futebol
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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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