O Estado de S. Paulo

Temer articula frente para defender gestão e isolar Lula

Planalto constrói aliança para aprovar Previdênci­a no Congresso e lançar nome em 2018, com ou sem o PSDB

- Alberto Bombig Ricardo Galhardo

O grupo político reunido em torno de Michel Temer começa a desenhar a estratégia para seu último ano de governo e para as eleições de 2018. A ideia é formar uma ampla frente para tentar a aprovação da reforma da Previdênci­a e mantê-la unida até a disputa eleitoral de outubro. Com mais da metade do tempo de TV, a frente incluiria PMDB, PSDB, DEM, PR, PRB, PP, PSD e seria capaz de fazer a defesa do legado de Temer, em especial no campo econômico, além de se contrapor e até isolar o ex-presidente Lula. Segundo auxiliares de Temer, caso a estratégia prospere o nome será escolhido no ano que vem. Os preferidos são o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o prefeito João Doria (PSDB), além do próprio Temer. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) poderá ser o escolhido, mas precisará se reaproxima­r do PMDB. Caso o PSDB não aceite defender a gestão Temer, a frente será formada sem os tucanos. Na outra ponta, os presidente­s de PT, PDT, PSB e PCdoB também articulam alianças.

O presidente Michel Temer começa a desenhar a estratégia para seu último ano de governo e para as eleições de 2018. A ideia é construir uma ampla frente de centro-direita para enfrentar a batalha pela aprovação da reforma da Previdênci­a e de outras pautas econômicas e mantêla unida até a disputa eleitoral de outubro.

Com mais da metade do tempo de TV, esta frente incluiria PMDB, PSDB, DEM, PR, PRB, PP e PSD e seria capaz de fazer a defesa do legado de Temer além de se contrapor e até isolar o expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas.

Segundo auxiliares de Temer, caso a estratégia prospere o nome será escolhido no ano que vem. Os preferidos do presidente são o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pode ser o escolhido, mas precisa se reaproxima­r do PMDB e de Temer. A candidatur­a do próprio presidente não está descartada, apesar dos apenas 3% de aprovação nas pesquisas. Ele próprio se coloca como o “último da fila”.

Quem vier a ser o escolhido terá de defender a gestão Temer, iniciada em 2016, após o impeachmen­t de Dilma Rousseff. O Planalto avalia hoje que os índices econômicos estarão mais favoráveis no próximo ano e que o governo terá um capital eleitoral positivo.

A tarefa de Temer é de difícil execução e consiste em, antes de mais nada, aprovar uma pauta econômica no Congresso que permita acelerar a geração de empregos. Com o vento a favor e a caneta nas mãos, o presidente espera reduzir a influência da ala do PSDB que defende o desembarqu­e do governo e manter a coesão da frente até as eleições.

A estratégia do Planalto se divide em três frentes que se complement­am. No front político, Temer faz questão de deixar a discussão de nomes em aberto. Aliados comparam a ação do presidente com a política “de raiz” praticada pelo velho PSD de Juscelino Kubitschek, que teve ministros em todos governos entre 1945 e 1965, e citam despistes e salamalequ­es feitos pelas raposas do PMDB como exemplo da habilidade do presidente e seus homens de confiança.

Escolha. Pelo roteiro traçado pelo presidente, a escolha do nome seria entre abril e junho do ano que vem. Auxiliares de Temer apostam que, se as estratégia­s no Congresso e na economia funcionare­m, a manutenção da aliança será natural. Com os sete principais partidos o candidato do governo teria mais de 6 minutos dos 12,5 minutos de cada bloco do horário eleitoral. Já Lula, isolado, teria apenas 1,5 minuto do PT.

Temer quer aprovar no Congresso Nacional as emendas constituci­onais da reforma da Previdênci­a e a simplifica­ção tributária, além das medidas provisória­s que criam o novo Fundo de Financiame­nto Estudantil (Fies), alteram as normas para exploração mineral e adiam o aumento de contribuiç­ão previdenci­ária do funcionali­smo.

Além disso, o governo deve agilizar as votações de projetos de lei que agradam a setores importante­s do Congresso como os que reduzem a multa sobre o FGTS, permitem a participaç­ão de estrangeir­os em empresas aéreas, modernizam as regras para o setor de telecomuni­cações, autorizam a venda de terras para estrangeir­os, agilizam os procedimen­tos de licenciame­nto ambiental e alteram as agências reguladora­s.

Outro front é o econômico. Na pauta do governo estão os leilões para exploração de petróleo e gás e distribuiç­ão de energia elétrica e o acompanham­ento da implementa­ção das novas leis trabalhist­as. Em conversas com Temer, empresário­s garantiram que com estas medidas a criação de empregos vai acelerar em 2018.

O dono da Riachuelo, Flávio Rocha, falou na criação de 4 mil postos intermiten­tes e 8 mil temporário­s e representa­ntes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) estimaram 100 mil novas vagas no setor.

Os empregos, no entanto, estão condiciona­dos às pautas no Congresso, especialme­nte à reforma da Previdênci­a. “Ou a reforma vem ou a crise volta”, disse o economista Marcos Lisboa, do Insper, a Temer na semana passada.

 ?? MARCOS CORRÊA/PR-22/11/2017 ?? Projeto. Pelo roteiro traçado pelo presidente Michel Temer, a escolha do nome seria entre abril e junho do ano que vem
MARCOS CORRÊA/PR-22/11/2017 Projeto. Pelo roteiro traçado pelo presidente Michel Temer, a escolha do nome seria entre abril e junho do ano que vem

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil