O Estado de S. Paulo

Governo quer votar MPs para evitar perdas de R$ 7,6 bi

Ajuste. Negociaçõe­s em torno da reforma da Previdênci­a acabaram deixando em segundo plano medidas provisória­s com forte impacto na arrecadaçã­o e que estão prestes a caducar; deputados tentam fechar neste fim de semana um acordo para as votações

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes Igor Gadelha / BRASÍLIA

Parlamenta­res têm até o fim do ano para votar medidas provisória­s com impacto de R$ 7,6 bilhões no Orçamento e que ficaram em segundo plano com as articulaçõ­es pela aprovação da Previdênci­a. Entre as propostas, está a que cria o programa de demissão voluntária do funcionali­smo.

Com as articulaçõ­es entre o governo e o Congresso totalmente voltadas para a reforma da Previdênci­a nas últimas semanas, medidas provisória­s com impacto de pelo menos R$ 7,6 bilhões na arrecadaçã­o foram deixadas de lado e correm o risco de caducar, abrindo um buraco no orçamento. Por conta disso, líderes da base aliada tentarão fechar, neste final de semana, o quebra-cabeça com datas para a votação das matérias considerad­as prioritári­as pelo presidente Michel Temer.

A Câmara dos Deputados tem apenas três semanas para tentar aprovar, além da reforma da Previdênci­a, as MPs mais urgentes (ver página B3). A última semana, de 18 a 22 de dezembro, já é de menor quórum e está sendo contabiliz­ada para a votação do Orçamento de 2018. “O tempo é muito curto. É um jogo de xadrez”, disse o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Segundo ele, a base aliada vai consultar os ministros da área econômica para eleger o que precisa ser votado ainda em 2017. “Precisamos definir pontos prioritári­os para montar o calendário”, afirmou.

O Ministério da Fazenda afirmou, em nota, que está trabalhand­o em conjunto com a área política do governo para viabilizar a aprovação das propostas importante­s para o ajuste fiscal ainda este ano. Uma das prioridade­s do governo é a MP que cria o programa de desligamen­to voluntário (PDV), a jornada reduzida e a licença não remunerada para os servidores do governo federal. O texto precisa ser votado até a próxima terça-feira para não perder validade. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou uma sessão extraordin­ária para segunda-feira.

O governo espera economizar R$ 1 bilhão com o PDV. Esses recursos ainda não foram contabiliz­ados no Orçamento, mas a medida é considerad­a simbólica por ser a primeira revisão de gastos com pessoal. O Ministério do Planejamen­to ainda não tem um balanço oficial, mas informou que quem já aderiu ao programa terá o benefício mantido caso a MP caduque.

Fundos. A mudança na tributação dos fundos fechados de investimen­to, voltados à alta renda, também precisa ser aprovada este ano, embora a MP tenha prazo de validade até fevereiro. Como qualquer mudança no Imposto de Renda (IR) precisa ser feita no ano anterior para valer no exercício seguinte, o governo pode deixar de contar com R$ 6 bilhões em receitas.

A MP que adia os reajustes dos servidores também é importante para fechar o Orçamento de 2018, pois trará economia líquida de R$ 4,4 bilhões, mas essa tem mais tempo para ser negociada. O texto vale até o ano que vem e não precisa ser votado agora, disse um integrante da equipe econômica.

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