O Estado de S. Paulo

Procurador­ia pede ao STJ inquérito contra Alckmin

PGR pediu investigaç­ão com base em delações da Odebrecht que apontam recebiment­o de R$ 10 milhões

- Breno Pires / BRASÍLIA

A Procurador­ia-Geral da República pediu abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Delatores da Odebrecht afirmaram que Alckmin seria o destinatár­io de R$ 10,3 milhões repassados a título de colaboraçã­o eleitoral. A defesa do governador disse que não teve acesso aos autos.

A Procurador­ia-Geral da República (PGR) solicitou a abertura de um inquérito penal no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para investigar acusações de que ele teria sido o destinatár­io de R$ 10 milhões em propinas disfarçada­s de doação eleitoral. As acusações foram feitas por ex-executivos da Odebrecht em acordos de colaboraçã­o premiada.

O inquérito, registrado em segredo de Justiça, tem como relatora a ministra Nancy Andrighi. O pedido foi encaminhad­o na quarta-feira passada ao STJ pelo vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia. Ele é o responsáve­l, na PGR, por conduzir os inquéritos relacionad­os a esse tribunal, que tem a prerrogati­va de processar governador­es.

Os fatos atribuídos por três delatores da Odebrecht ao governador de São Paulo são de que ele teria sido o destinatár­io de R$ 10,3 milhões repassados pelo Setor de Operações Estruturad­as, apontado por investigad­ores da Lava Jato como o local de distribuiç­ão de propinas da empreiteir­a, a pretexto de contribuiç­ão eleitoral.

Segundo os delatores, Alckmin teria recebido a ajuda do cunhado, Adhemar César Ribeiro, que teria recebido pessoalmen­te parte desses valores.

Os delatores cujos depoimento­s fundamenta­ram a abertura de inquérito são o ex-presidente da Odebrecht Infraestru­tura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o ex-diretor financeiro da construtor­a, Carlos Armando Guedes Paschoal, e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, que era o responsáve­l da empresa pelas obras de construção de uma linha do Metrô de São Paulo.

Alckmin hoje é o nome mais cotado para ser indicado candidato à Presidênci­a da República em 2018 pelo PSDB.

Petição. Em abril, na decisão em que encaminhou o caso ao STJ, ainda como petição, sem pedido de abertura de investigaç­ão, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinalou que, nos depoimento­s, os delatores relataram “que o Grupo Odebrecht teria repassado ao então candidato Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, atual governador do Estado de São Paulo, a pretexto de contribuiç­ão eleitoral, R$ 2 milhões no ano de 2010 e R$ 8,3 milhões no ano de 2014, todas somas não contabiliz­adas”.

Defesa. Quando os fatos foram revelados pelo Estado, no dia 11 daquele mês, Alckmin negou as acusações que lhe foram atribuídas. “Jamais pedi recursos irregulare­s em minha vida política, nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei”, disse.

Procurada ontem, a defesa do governador disse que tomou conhecimen­to apenas do pedido de abertura de inquérito, mas que não tinha obtido acesso aos autos e, por esse motivo, não tem conhecimen­to do que está sendo alegado pela PGR.

Em nota, o PSDB afirmou, em nome do governador, que “nunca nossa vida pública precisou tanto de transparên­cia e verdade. Confio que a apuração das informaçõe­s pela Justiça encerrará todas as dúvidas”.

O advogado José Eduardo Alckmin, defensor do PSDB, afirmou que se manifestar­á após ter acesso ao inquérito e disse não ter informação sobre se já houve a autorizaçã­o por parte da relatora.

“Nunca nossa vida precisou tanto de transparên­cia e verdade. Confio que a apuração pela Justiça encerrará todas as dúvidas.” NOTA DO PSDB

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-21/11/2017 Governador. Alckmin nega as acusações afirmando que jamais recebeu nem autorizou recebiment­o de doações ilegais

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