O Estado de S. Paulo

Doença da mãe livrou tripulante do submarino

Sem esperanças de encontrar sobreviven­tes, famílias e amigos se despedem dos 44 marinheiro­s do submarino ARA San Juan

- Luiz Raatz ENVIADO ESPECIAL MAR DEL PLATA, ARGENTINA

Um dia após a confirmaçã­o de que uma explosão atingiu o submarino ARA San Juan no dia 15, parentes dos 44 tripulante­s buscavam ontem a melhor maneira de lidar com a dor da perda. A maioria decidiu voltar para casa e abandonara a Base Naval de Mar del Plata. Alguns ficaram, seja à espera de um milagre ou de mais notícias dos marinheiro­s.

Luis Tagliapetr­a é pai de Alejandro Damián, de 27 anos, um dos tripulante­s do submarino. “Estamos mal. Destruídos. Ontem (quinta-feira) foi um dia terrível. Eles me ligaram da base dizendo que estava comprovada a explosão, que estavam todos mortos”, disse. “O chefe da base me deu os pêsames e disse que meu filho era um grande marinheiro. Era, ele disse.”

Uma das mais indignadas com a notícia da explosão do submarino era Jessica Gopar, mulher do submarinis­ta Fernando Santilli. Ela recorreu às redes sociais para despedir-se do marido. “Adeus, amor!”, escreveu Jessica no Twitter. “Continuare­i por nosso filho, Stefano. Papai agora é um anjo.”

Na tarde de ontem, uma procissão em homenagem à tripulação percorreu as ruas de Mar del Plata em direção à base. Dezenas de pessoas acompanhar­am uma imagem de Nossa Senhora, que chegou no início da noite ao local onde alguns poucos parentes ainda resistiam em luto. Houve orações e silêncio.

Mistério no mar. As evidências do que pode ter selado o destino dos 44 submarinis­tas continuam escassas. Tagliapetr­a disse que as informaçõe­s que recebeu a respeito do acidente indicam que houve um acúmulo de hidrogênio na cabine, decorrente de um problema na bateria. Uma faísca teria provocado a explosão.

“É difícil de acreditar nessa hipótese”, disse. “Isso significar­ia uma tremenda falta de profission­alismo ou uma falha dos equipament­os de medição de hidrogênio.”

Maria Rosa Belcastro, mãe do tenente Fernando Villarreal, de 38 anos, criticou a cúpula da Marinha argentina. “Eu gostaria de dizer ao almirante Marcelo Srur que ele não tem condições de comandar. E peço ao presidente Macri que ele coloque ordem na casa”, disse Maria, em referência ao chefe do comando naval, cujo cargo estaria em risco, segundo a imprensa argentina.

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ESTEBAN FELIX/AP Pesar. Mulher de Fernando Villareal, um dos tripulante­s
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