O Estado de S. Paulo

Garotinho alega agressão e é mandado para Bangu

Versão é questionad­a por agentes do governo; Justiça envia detento para prisão de segurança máxima em Bangu

- Constança Rezende Marcio Dolzan Wilson Tosta / RIO

A Secretaria de Estado de Administra­ção Penitenciá­ria do Rio (Seap) transferiu ontem o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, presídio de segurança máxima no Complexo Penitenciá­rio de Gericinó, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense.

A transferên­cia, que ocorreu às 21 horas, é uma punição. Garotinho afirmou ter sido agredido e ameaçado durante a madrugada, na cela em que estava sozinho, na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte, mas não conseguiu comprovar. O ex-governador disse ter sido atacado por um homem branco de calça jeans, que teria lhe dado golpes com um taco de beisebol em um dos joelhos e em um dos pés, e teria exibido uma pistola. Segundo ele, o agressor teria dito que ele “falava demais”.

Garotinho prestou queixa na 21.ª Delegacia de Polícia, em Bonsucesso, na manhã de ontem. Depois, foi encaminhad­o para exame no Instituto Médico-Legal (IML). À noite, porém, a Seap o desmentiu. A secretaria informou que o detento, no momento da suposta agressão, estava sozinho em uma galeria com nove celas – todas vazias.

“A Seap ressalta que examinou as imagens das câmeras da unidade, que não detectaram presença de qualquer pessoa ou estranhos na galeria onde se encontra o detento que pudessem causar tais lesões”, informou o órgão, em nota. Em Bangu, Garotinho será monitorado por câmeras todo o tempo.

O juiz Ralph Machado Manhães Júnior, da 98.ª Zona Eleitoral, de Campos dos Goytacazes, afirmou ter sido informado de que o ex-governador “estaria causando transtorno­s na Unidade Prisional onde se encontra, pois teria se autolesion­ado”. O magistrado autorizou a transferên­cia de Garotinho “em sintonia com a Seap”.

A denúncia de Garotinho provocou vistoria do Ministério Público Estadual na prisão. Nela, promotores descobrira­m alimentos proibidos em algumas celas, entre elas a do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso na mesma unidade.

Confusão. Mais cedo, dois juízes da Vara de Execuções Penais (VEP), Juliana Benevides de Barros Araujo e Guilherme Schilling Pollo Duarte, haviam negado pedido do Ministério Público Estadual para a transferên­cia do ex-governador por questão de segurança.

O MPE alegara que a integridad­e física de Garotinho estava ameaçada por estar na mesma prisão de Cabral – inimigos políticos há anos que já foram aliados. “Do exame dos autos, depreende-se que não existem elementos concretos que evidenciam qualquer situação de risco senão uma verificaçã­o in loco pela ilustre promotora de Justiça de que existe um ‘clima de tensão’”, afirmaram os juízes na decisão.

Na véspera, a filha do ex-governador, Clarissa Garotinho, secretária municipal de Desenvolvi­mento, Emprego e Inovação do Rio, disse estar preocupada com a integridad­e do pai. O advogado de Garotinho, Carlos Azeredo, disse que agentes da Seap serão chamados para depor.

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DOMINGOS PEIXOTO / AGÊNCIA O GLOBO Depoimento. Garotinho chega a delegacia para prestar queixa sobre suposta agressão

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