Trajetória de alta
País deverá confirmar, em dezembro, três trimestres consecutivos de crescimento.
Dezembro deverá começar com uma boa notícia, a confirmação oficial do crescimento econômico em três trimestres consecutivos, desempenho registrado pela última vez em 2013. Na próxima sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá divulgar os números do Produto Interno Bruto (PIB) do período de julho a setembro e os valores acumulados no ano. Todas as prévias e todos os dados parciais conhecidos até agora sustentam aquela expectativa e consolidam as previsões de um resultado positivo em 2017, depois de dois anos de funda recessão. A melhora do cenário é refletida nas expectativas dos empresários industriais, em alta por quatro meses consecutivos até novembro, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo a última das prévias, o Monitor do PIB, elaborado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a economia cresceu 0,1% de agosto para setembro. Foi essa também a diferença entre o valor produzido no terceiro trimestre e aquele contabilizado no segundo. Se os cálculos estiverem certos, a economia terá crescido por três trimestres seguidos. A mesma tendência havia sido apontada pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), publicado poucos dias antes.
Quase todos os grandes setores tiveram resultados melhores que os do ano anterior, no terceiro trimestre, de acordo com os dados do Monitor .A comparação interanual mostrou diferença positiva de 10,2% na agropecuária, de 3,3% na indústria de transformação, de 5,3% no comércio e de 3,6% nos transportes. Houve recuo de 4,9% nos serviços de informação e de 6,4% na construção, embora este segmento, como ressalvaram os autores do relatório, venha seguindo trajetória de recuperação. O indicador de conjunto, o PIB, foi 1,3% superior ao do período de julho a setembro de 2016.
Um detalhe especialmente importante e animador é o avanço do investimento produtivo, medido pela formação bruta de capital fixo. No terceiro trimestre esse indicador foi 0,2% superior ao do período correspondente de 2016 – o primeiro dado positivo depois de 40 meses de queda. Mas o crescimento foi apenas parcial. Houve melhora de 9,7% no componente de máquinas e equipamentos, mas o segmento da construção recuou 5,3% em relação ao nível do terceiro trimestre do ano passado. Apesar de alguma reação nos últimos meses, o ritmo das obras, tanto públicas como particulares, continua muito fraco.
Feito o balanço, a taxa de investimento melhorou ligeiramente e em setembro chegou a 18,1% do PIB, ainda muito baixo pelos padrões das economias emergentes. Pelas contas da FGV, o pico havia sido alcançado em outubro de 2013, com a taxa de 24,3%. Uma taxa mensal, no entanto, é uma informação pobre quando se pretende avaliar o potencial de crescimento de uma economia. No Brasil o investimento em máquinas, equipamentos e construções tem raramente batido em 20% do PIB, em períodos anuais, e é muito baixo pelos padrões dos países emergentes. Mesmo na América Latina têm sido registradas taxas iguais ou superiores a 24%. Na Ásia são geralmente maiores.
Confiança é um fator fundamental para a retomada do investimento pelo setor privado. Esse componente vem melhorando. Em novembro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial subiu 0,5 ponto em relação ao nível de outubro e chegou a 56,5 pontos.
Continuou, portanto, a distanciar-se da linha de indiferença, correspondente a 50 pontos. Houve melhora de 1,1 ponto na avaliação das condições atuais (para 51,5 pontos) e quase estabilidade na expectativa dos seis meses seguintes (de 58,8 para 58,9 pontos).
A lenta evolução do consumo, favorecida pela inflação baixa e, portanto, pela maior preservação do poder de compra da renda familiar, tem sido um importante estímulo para a atividade industrial. Mas esse e outros fatores, como a melhora das condições de crédito, poderão ser prejudicados se as condições políticas piorarem e puserem em risco a política de ajustes e de reformas.