Ataque no Egito deixa 235 mortos
Guerra ao terror. Presidente Abdel-Fattah al-Sissi garante que atentado ‘não ficará impune’; nenhuma organização assumiu a autoria da ação, mas governo egípcio responsabiliza grupos fundamentalistas ligados ao Estado Islâmico que atuam no Sinai
Uma explosão seguida de tiros deixou 235 mortos e 130 feridos em uma mesquita na Península do Sinai, no Egito. Nenhum grupo assumiu a autoria. Governo culpa radicais ligados ao Estado Islâmico.
Pelo menos 235 pessoas morreram e outras 130 ficaram feridas ontem em um atentado contra uma mesquita sufista no norte da Península do Sinai, no Egito. Nenhum grupo havia assumido a responsabilidade pelo atentado, o mais mortífero na região nos últimos três anos. No entanto, os sufis, alvos do ataque, são considerados apóstatas pelos radicais do Estado Islâmico (EI), possíveis autores da ação.
As forças de segurança egípcias têm combatido militantes do Estado Islâmico no norte do Sinai desde a deposição do islamista Mohamed Morsi da presidência do Egito, em julho de 2013. Horas depois do atentado, as forças militares egípcias realizaram ataques aéreos no Sinai.
A presidência decretou três dias de luto. O presidente do Egito, Abdel-Fattah al-Sissi, condenou o ataque, qualificando-o de “criminoso” e “covarde”. Ele manifestou seu pesar pelos mortos e enviou condolências às famílias das vítimas. Em declaração transmitida pela TV, Sissi garantiu que o ataque “não ficará impune” e prometeu que o Egito vencerá a guerra contra o terrorismo.
Testemunhas disseram que ao menos 15 militantes mascarados cercaram a mesquita de Al-Rawdah, oeste da cidade de Arish, a bordo de veículos 4x4, e colocaram uma bomba na parte externa do prédio. Depois da explosão, os homens armados invadiram o local, atirando contra os fiéis em pânico, que tentavam fugir. Em seguida, eles atearam fogo aos veículos para bloquear o acesso à mesquita.
A mídia estatal mostrou imagens de vítimas ensanguentadas dentro da mesquita. “Atiraram nas pessoas que saíam. Também dispararam contra as ambulâncias”, afirmou um morador da região cujos parentes estavam no local do atentado.
O braço egípcio do Estado Islâmico, o Wilayat Sinai, matou centenas de policiais e soldados nos últimos três anos. Os terroristas têm atacado principalmente as forças de segurança, mas também têm lançado atentados contra tribos do Sinai que colaboram com o Exército e a polícia. Em julho, pelo menos 23 soldados foram mortos no norte do Sinai quando um suicida atacou um bloqueio de segurança com um carro-bomba. O Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado.
Expansão. O grupo terrorista também tenta ampliar suas ações para fora da península, atacando igrejas e peregrinos cristãos coptas. Em maio, um ataque contra um grupo de coptas que se encaminhava a um mosteiro deixou pelo menos 28 mortos no sul do Egito.
A passagem fronteiriça entre o Egito e a Faixa de Gaza seria reaberta hoje pela primeira vez desde agosto, mas permanecerá fechada, segundo informou uma autoridade palestina.
O Egito é ameaçado por extremistas islâmicos ligados à rede Al-Qaeda, que operam a partir da Líbia, na fronteira oeste do país. Um grupo chamado Ansar al-Islam (“Partidários do Islã”, em árabe) assumiu a autoria de uma emboscada em outubro no deserto egípcio, no qual 16 policiais morreram.
Em retaliação, o Exército lançou ataques aéreos que mataram o líder do grupo, Emad al-Din Abdel Hamid, um ex-oficial militar que se juntou a um grupo afiliado à Al-Qaeda no reduto jihadista líbio de Derna. /