O Estado de S. Paulo

Reformar Previdênci­a é fundamenta­l, diz FHC

Para ex-presidente, PSDB deveria ter fechado questão sobre o caso; mesmo desidratad­a, parlamenta­res devem aprovar proposta, afirma

- José Fucs / SÃO PAULO Carla Araújo / BRASÍLIA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o PSDB deveria fechar questão a favor da reforma da Previdênci­a, contrarian­do decisão tomada pela Executiva Nacional do partido no início da semana. Quando um partido fecha questão sobre determinad­a matéria, os parlamenta­res da bancada têm de seguir a decisão ou podem ser punidos.

“Eu fecharia (questão)”, disse Fernando Henrique, ao participar do 10.º Encontro de Líderes, realizado na Casa Fasano, na zona sul de São Paulo, que reuniu diversas lideranças políticas e empresaria­is do País. “A Previdênci­a é uma questão fundamenta­l. Você não pode normalizar as finanças públicas sem avançar na Previdênci­a. Não há recursos para continuar do jeito que está.”

Segundo ele, o fato de o governo ter suprimido diversos dispositiv­os previstos no projeto original da última versão do texto enviada ao Congresso Nacional não diminui a importânci­a da reforma. “É preciso dar passos, mesmo que não seja um grande passo”, afirmou. “A reforma está sendo burilada. O foco correto, eu sempre disse isso, é redução de privilégio­s. Mas a reforma da Previdênci­a tem de ser feita.”

Visitas. Em sua primeira visita de uma série de viagens que promete fazer pelo País para vistoriar obras que serão retomadas no programa Avançar, o ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Moreira Franco, disse ontem, no Rio Grande do Sul, que o governo acredita que conseguirá sensibiliz­ar os parlamenta­res para aprovar a reforma da Previdênci­a ainda este ano. “Acreditamo­s que vamos ter (os 308 votos), porque acreditamo­s no espírito público do poder legislativ­o”, disse.

Moreira disse que as contas públicas não suportam o sistema atuarial que caracteriz­a a previdênci­a no Brasil e citou como exemplo o Rio de Janeiro, seu reduto eleitoral: “O Rio de Janeiro tem com muita frequência atrasado aposentado­rias, pensões, salários em função de uma pressão intoleráve­l do sistema previdenci­ário que já não atende à necessidad­e atual. Por isso a prioridade nossa é essa.”

Ao ser questionad­o se o governo pode fazer mais ajustes e mudanças no texto, conforme pressão de parlamenta­res, o ministro não descartou alterações e disse que o governo está dialogando para que se chegue a uma alternativ­a que não deixe mais o sistema previdenci­ário da União “meia sola”.

O ministro disse que não é o momento de se trabalhar com a hipótese de adiamento da reforma, já que em 2018, por ser ano eleitoral. Reforçando a estratégia do governo de dividir a responsabi­lidade da reforma com o Congresso, Moreira repetiu que a expectativ­a é que “os deputados e senadores saberão votar em benefício do País”.

“A Previdênci­a é uma questão fundamenta­l. Não há recursos para continuar do jeito que está.” Fernando Henrique Cardoso

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JF DIORIO /ESTADÃO

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