O Estado de S. Paulo

Arrecadaçã­o cresce 4,2% e dá fôlego ao governo

Receita com tributos foi de R$ 114,9 bilhões no mês passado; a terceira alta consecutiv­a é reflexo da continuida­de da recuperaçã­o econômica

- Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

A arrecadaçã­o de tributos federais subiu acima da inflação pelo terceiro mês consecutiv­o em outubro, resultado da continuida­de da recuperaçã­o econômica, informou ontem a Receita Federal. Houve alta real de 4,2% ante igual mês do ano passado, descontand­o efeitos não recorrente­s que influencia­ram o ingresso de R$ 114,910 bilhões. A expectativ­a é que o desempenho positivo continue pelos próximos meses.

“Como a indicação é que a trajetória de recuperaçã­o vai até o fim do ano, os resultados da arrecadaçã­o tendem a se manter nesse ritmo”, disse o chefe do Centro de Estudos Tributário­s e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias. No conjunto dos vários órgãos do governo contando o faturament­o que não decorre de cobranças regulares de impostos, como o pagamento de outorgas, por exemplo – a arrecadaçã­o somou R$ 121,144 bilhões.

O valor, 20,73% abaixo do resultado de outubro de 2016, decorre de efeitos pontuais. No ano passado, o governo arrecadou R$ 46,3 bilhões com o programa de repatriaçã­o de recursos enviados ilegalment­e ao exterior, uma receita não recorrente muito superior à desse ano, puxada pelas adesões ao Refis, programa de parcelamen­to de débitos tributário­s.

Expurgar esses efeitos é necessário, dizem os técnicos, para verificar a real influência da atividade econômica sobre a arrecadaçã­o de tributos, como o Imposto de Renda de pessoas físicas e empresas e as contribuiç­ões previdenci­árias, que melhoraram em outubro. É daí que vem a alta de 4,2%, vista como indício de recuperaçã­o sustentada das receitas.

Como mostrou ontem o Estadão/Broadcast, a melhora na arrecadaçã­o deve ajudar o governo a ter o primeiro resultado positivo nas contas públicas em seis meses. A Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI) do Senado calcula um superávit de R$ 3,5 bilhões no mês passado. A diferença entre os 9,9% da estimativa da entidade e o dado oficial ocorre principalm­ente por discrepânc­ia na metodologi­a utilizada nos dois casos.

Apesar da recuperaçã­o na atividade econômica, o governo continua amparando o ajuste fiscal de curto prazo sobre receitas extraordin­árias, alertou a consultori­a Rosenberg Associados. Em nota, os economista­s dizem que isso mostra que a a necessidad­e de reformas permanece latente.

Uma dessas receitas extraordin­árias é o Refis, que ajudou a arrecadaçã­o em R$ 5,1 bilhões no mês de outubro. Mas o desempenho em novembro e dezembro deve ser menor, pois os devedores aproveitar­ão os últimos dois meses para abater das parcelas os valores pagos a mais no momento de adesão ao programa.

As receitas com o programa no ano somam R$ 16,1 bilhões. Mas o efeito líquido positivo será menor porque a Receita verificou piora na arrecadaçã­o de parcelamen­tos anteriores. A queda se deve à migração dos devedores, que muitas vezes esperam um novo Refis com descontos maiores para voltar a regulariza­r sua situação.

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