O Estado de S. Paulo

Acervo guarda relíquias do esporte

João Havelange tinha guardados xícaras com o emblema da Fifa, camisas de clubes de futebol, troféus e muito mais

- Marcio Dolzan / RIO

Parte do acervo de um dos maiores cartolas da história do futebol mundial vai a leilão a partir de terça-feira. Cerca de 250 lotes que incluem quadros, móveis, troféus, placas, chaveiros, xícaras, artigos de decoração e camisas de times de futebol que pertencera­m a João Havelange estarão à venda e começam a ser expostos hoje em uma galeria em Copacabana, na zona sul do Rio. A expectativ­a é de que todas as peças sejam vendidas e rendam até R$ 800 mil.

Amante do futebol e do esporte em geral, quando não estava na Fifa Havelange recebia amigos e dirigentes em uma sala comercial de 380 metros quadrados num luxuoso edifício comercial no centro do Rio. O local foi leiloado há poucos meses por R$ 1,61 milhão. Tudo o que estava em seu interior será negociado agora. As peças partem de valores irrisórios – muitas têm lance inicial de R$ 100 –, mas na avaliação do leiloeiro Roberto Haddad elas serão arrematada­s por preço bem maior.

“Tudo está muito aquém do valor de mercado. Tem coisas que a gente tem certeza que vai dar R$ 3 mil, R$ 4 mil, mas está sendo oferecido por R$ 300”, exemplific­a Haddad. “São preços bastante convidativ­os.”

Dentre os lotes, há xícaras com o emblema da Fifa, camisas de clubes do futebol do mundo inteiro com dedicatóri­as para Havelange, chaveiros, quadros, troféus e dezenas de placas. Uma cuia de prata e detalhes de ouro, dada pela Associação de Futebol Argentina ao cartola em 1974, por exemplo, está com lance inicial de R$ 100.

Chamariz. Roberto Haddad diz que costuma realizar oito leilões por ano, e este promete ser o mais interessan­te justamente em função das peças de Havelange – lotes pertencent­es a outras pessoas também serão colocados à venda. “Quando o leilão tem nome é diferente”, afirma Haddad. Isso porque peças que pertencera­m a personalid­ades em geral são arrematada­s por valores maiores. “O chamariz com certeza é nome do João Havelange.”

Ela acredita que todos os lotes serão comerciali­zados, a maioria pela internet. Lances do exterior também são esperados. “Já recebemos muitas ligações e e-mails de pessoas querendo saber tudo sobre troféus e camisas”, revela Haddad. “Têm pessoas que só compram peças futebolíst­icas. Uma ocasião nós pegamos um acervo bastante grande de camisas e veio gente da Europa, Estados Unidos, muitos brasileiro­s também. Eu conheço uns 12 colecionad­ores só aqui do Rio.”

Presidente da Fifa por 24 anos e membro do Comitê Olímpico Internacio­nal (COI), João Havelange morreu em agosto do ano passado aos 100 anos. Ele mudou a história do futebol e transformo­u a Fifa em uma entidade milionária. Antes, comandou a Confederaç­ão Brasileira de Desportos (atual CBF) por 17 anos, período em que a seleção conquistou o tri mundial. Por décadas, João Havelange foi reverencia­do no mundo inteiro, mas passou os últimos anos de sua vida longe dos holofotes após ter seu nome envolvido em denúncias de corrupção na Fifa e no COI.

A exposição das peças irá até segunda, e o leilão começa na terça. Os lotes podem ser vistos também pela internet através do site robertohad­dad.com.br, onde já é possível dar lances.

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FOTOS FABIO MOTTA/ESTADÃO Memórias. Leilão terá 250 lotes de peças como camisetas (à esq.), quadros (acima) e ainda xícaras com o emblema da Fifa (ao lado)
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