O Estado de S. Paulo

Nova regra dá mais liberdade aos fundos de previdênci­a

Nova legislação deve aprimorar gestão dos investimen­tos; queda da Selic impulsiona busca por renda variável

- Ana Carolina Neira

Uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que altera as regras dos fundos de Previdênci­a dos servidores públicos – como Previ (Banco do Brasil) e Petros (Petrobrás) – deve melhorar a rentabilid­ade desses investimen­tos no médio prazo.

A mudança, em vigor desde outubro, dá maior liberdade aos gestores, que agora podem administra­r esses investimen­tos mais como um fundo multimerca­do, desde que observando limites entre ativos de renda fixa e variável. No passado, alguns fundos ampliaram muito a exposição ao risco, o que ocasionou perdas e resultados insatisfat­órios.

Segundo especialis­tas, a nova resolução, a CMN 4.604, deve aprimorar a gestão dos produtos do setor. Entre as novidades está a possibilid­ade de aplicação em Certificad­o de Depósito Bancário (CDB) e debêntures, além do aumento de 5% para 10% no limite de participaç­ão para fundos multimerca­do. A nova regra também extinguiu a distinção de limite para Fundos de Investimen­tos em Direitos Creditório­s (FIDC) abertos ou fechados. Este último exigirá que o gestor tenha realizado ao menos dez ofertas públicas de cotas de fundo 100% liquidadas.

Apesar de sugerirem algumas restrições, as normas dão mais liberdade ao gestor dos fundos, opina o professor da FEA/USP, José Roberto Savoia. “A principal vantagem é que agora ele poderá decidir se prefere formar uma carteira mais longa ou mais curta sem ficar atrelado a um número de ativos.”

Outro ponto trazido pela resolução é a maior fiscalizaç­ão dos componente­s desses fundos. Segundo dados do Ministério da Fazenda, até 2015 havia 10 milhões de servidores segurados em fundos do gênero, com R$ 134,4 milhões em investimen­tos até 2016. Quase a metade dos aportes (47,74%) eram feitas só em renda fixa.

Para a diretora-geral da Par Mais Investimen­tos, Annalisa Dal Zotto, a resolução abre o leque de investimen­tos de maneira positiva. “Limitar o FIDC, que pode ser um crédito ruim, e abrir para o multimerca­do garante oferta de qualidade”, defende.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdênci­a Complement­ar (Abrapp), o rendimento médio do setor foi de 4,24% no primeiro semestre deste ano, abaixo da rentabilid­ade mínima fixada em 4,44%.

Com a queda da Selic, a migração para a renda variável já movimentav­a o mercado. Em outubro, a Adam Capital zerou a posição em renda fixa, migrando o dinheiro para ações e câmbio. Essa é também a tendência na previdênci­a privada.

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PILAR OLIVARES/REUTERS Público-alvo. Mudanças devem beneficiar fundos como o Previ, de funcionári­os do BB

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