O Estado de S. Paulo

Míssil norte-coreano cai no litoral do Japão

Tensão na Ásia. Governo japonês diz que lançamento é ato “violento” e pede reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU; Pentágono afirma que projétil alcançou uma altitude maior que os anteriores, representa­ndo ameaça para a segurança da região

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A Coreia do Norte disparou um novo míssil balístico ontem (manhã de quarta-feira em Pyongyang). Coreia do Sul e EUA confirmara­m o lançamento e disseram que o projétil caiu no Mar do Japão, bem perto do litoral. Foi o primeiro teste desde setembro, quando um míssil sobrevoou a ilha japonesa de Hokkaido.

Segundo o Ministério da Defesa japonês, o projétil caiu na zona econômica exclusiva do Japão – dentro da linha de 200 milhas. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, qualificou o teste de “um ato violento” que “não pode ser tolerado”. A pedido de Abe, o Conselho de Segurança da ONU vai se reunir hoje para tratar do assunto.

O presidente dos EUA, Donald Trump, não quis adiantar seus próximos passos. “Vamos cuidar disso”, afirmou. “Temos uma abordagem muito séria e nada mudou.” O secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que as “opções diplomátic­as” para solucionar a disputa nuclear continuam sobre a mesa.

Já o secretário de Defesa, James Mattis, alertou que o míssil alcançou uma altitude “maior” do que os anteriores, o que supõe um “perigo para a paz regional e mundial e mesmo para os EUA”. “Nosso compromiss­o em defender nossos aliados, entre eles Coreia do Sul e Japão, permanece intacto”, disse o chefe do Pentágono em um comunicado. “Estamos preparados para nos defender ou a defender nossos aliados de qualquer ataque ou provocação.”

Sanções. Este foi o primeiro míssil que Pyongyang lançou em dois meses e meio, desde o disparo de um projétil de médio alcance que sobrevoou o norte do Japão antes de cair no mar, no dia 15 de setembro. A aceleração do desenvolvi­mento de mísseis balísticos e do programa nuclear da Coreia do Norte fez a comunidade internacio­nal apertar ainda mais as restrições contra o país.

Além das sanções no âmbito da ONU, Estados Unidos e China têm negociado para ampliar a pressão diplomátic­a sobre Pyongyang. Ao todo, foram sete rodadas de sanções que afetaram a importação de petróleo, o setor de turismo e as remessas de moeda forte enviadas por trabalhado­res norte-coreanos que vivem no exterior. Há duas semanas, o governo americano recolocou o país em sua lista de países que apoiam o terrorismo – a Coreia do Norte havia sido retirada em 2008.

No entanto, as medidas não parecem ter efeito. Em 3 de setembro, Pyongyang testou sua bomba atômica mais potente, um artefato termonucle­ar ou uma bomba H, que, segundo o regime, poderia ser instalado em um míssil interconti­nental.

Nas semanas seguintes, o líder supremo Kim Jong-un e o presidente Trump trocaram insultos e ameaças. Pyongyang disse que usaria armas nucleares para “afundar” o Japão e reduzir os EUA a “cinzas e escuridão” por terem apoiado as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU após o teste nuclear. /

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KIM HONG-JI/REUTERS Novo teste. TV sul-coreana exibe trajeto de míssil da Coreia do Norte

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