O Estado de S. Paulo

Quatro horas de silêncio na CPMI

Em quatro horas de sessão, empresário se recusa a responder perguntas ou dar qualquer declaração

- Renan Truffi / BRASÍLIA

O empresário Joesley Batista se negou a responder a perguntas na oitiva da CPMI da JBS, no Congresso. Segundo a PF, o delator Lúcio Funaro reconheceu a marca de um banco ligado à J&F nos maços de dinheiro – que totalizava­m R$ 51 milhões – achados em um apartament­o e atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Em sessão de quatro horas de duração, o empresário Joesley Batista se negou ontem a responder perguntas de parlamenta­res ou fazer qualquer afirmação na oitiva da Comissão Parlamenta­r Mista de Inquérito (CPI Mista) da JBS. Como já era esperado, Joesley, que está preso desde setembro, usou o direito de ficar em silêncio, mas ouviu críticas, ironias e até provocaçõe­s de deputados e senadores presentes na comissão.

Joesley, um dos donos da JBS, foi convocado porque, em delação premiada, forneceu informaçõe­s que fundamenta­ram as denúncias contra o presidente Michel Temer. Os benefícios do acordo, no entanto, foram suspensos pelo ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de que o empresário teria omitido informaçõe­s.

Provocaçõe­s. Logo no início da oitiva, o relator da CPI Mista e um dos principais defensores do governo Temer, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), provocou o empresário. “Acho que o senhor não é tão bandido quanto confessa ser. Acho que o senhor falou coisas cooptado por essa ideia de correr logo para os Estados Unidos”, afirmou.

O deputado João Rodrigues (PSD-SC) tentou fazer o empresário falar à comissão. “Já deu para perceber pela sua aparência, mais magro, que o senhor deve viver um inferno. Sei que o senhor tem vontade de abrir o peito, chorar, falar, pedir perdão... Espero que o senhor apele para sua consciênci­a sob pena de outros falarem, mas aí talvez já seja tarde.”

Políticos. O presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), disse que na sessão marcada para hoje vai pautar a convocação de políticos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da presidente cassada Dilma Rousseff, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, do ex-ministro Antonio Palocci e do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO JBS. Empresário não fez qualquer comentário na sessão

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