Após uma semana foragido, presidente do PR se entrega
Defesa de Antônio Carlos Rodrigues diz que estava aguardando revogação do pedido de prisão preventiva contra ele
O presidente do PR, Antônio Carlos Rodrigues, ex-senador e ex-ministro dos Transportes no governo Dilma Rousseff (2012 a 2014), se entregou ontem à tarde à Polícia Federal, em Brasília. Alvo da Operação Caixa D’Água, investigação sobre suposto pagamento de propina de R$ 3 milhões da JBS para a campanha do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR), Rodrigues estava foragido havia uma semana.
A investigação aponta que Garotinho e sua mulher, Rosinha, que também governou o Estado, teriam liderado uma organização criminosa envolvendo empresários, políticos e secretários de governo do município de Campos dos Goytacazes, norte do Rio, no período de 2009 a 2016. Na época, Rosinha era prefeita e seu marido, secretário de Governo. Segundo o Ministério Público, a organização tinha como finalidade “obter recursos financeiros para o financiamento das campanhas políticas do casal e do grupo a que pertenciam no Estado”.
A acusação contra Antônio Carlos Rodrigues tem como base a delação premiada do executivo Ricardo Saud, do Grupo J&F, controlador da JBS. Saud disse que foi ajustado com o PT e com o PMDB, nos mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente cassada Dilma Rousseff, uma doação de R$ 20 milhões ao PR para a campanha de 2014.
Segundo o delator, por sua condição de presidente nacional do PR, Rodrigues teria indicado os destinatários de parcelas da milionária contribuição. Ainda de acordo com relatos de Saud, Garotinho, que era candidato ao governo do Rio pelo partido, estaria pressionando a direção nacional por uma contribuição de R$ 4 milhões, pleito que Rodrigues teria repassado à JBS. O grupo, disse Saud, acabou anuindo em repassar parte desse valor, R$ 3 milhões.
Defesa. Segundo o criminalista Daniel Bialski, um dos advogados do ex-ministro, Rodrigues “sempre esteve em Brasília e não tinha nenhuma intenção de ficar escondido”. Ele disse que seu cliente decidiu se apresentar “para dar um fim a esse suplício”. “Ele (Rodrigues) nunca se evadiu. Estava esperando, como ainda espera, uma decisão judicial que reconheça a ilegalidade da medida (decreto de prisão preventiva na Operação Caixa D’Água)”, disse.
Bialski assinalou ainda que o presidente do PR se apresentou “para que não tenham dúvida de que efetivamente ele jamais pretendeu obstruir a Justiça nem o bom andamento das investigações”.