O Estado de S. Paulo

Tribunal da Bolívia libera Evo para tentar reeleição

Oposição acusa juízes de “darem um golpe na democracia” do país, pois medida foi rejeitada em referendo em 2016

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O Tribunal Constituci­onal da Bolívia autorizou ontem o presidente Evo Morales a candidatar-se nas eleições gerais de 2019, apesar de essa possibilid­ade ter sido rejeitada em um referendo no ano passado.

O tribunal analisou um recurso do governo boliviano, que buscava anular a aplicação de alguns artigos da Constituiç­ão e da Lei Eleitoral para permitir que Evo tentasse o quarto mandato consecutiv­o, até 2025.

Aprovada por unanimidad­e no Tribunal Constituci­onal, a decisão não vale apenas para Evo. Governador­es, prefeitos, vereadores e outros afetados pela Lei Eleitoral e por um artigo da Constituiç­ão que limitava a possibilid­ade de reeleição a dois mandatos estão livres para disputar a votação de 2019.

Evo já tinha contornado a regra em 2014, quando se elegeu para seu terceiro mandato, graças a uma decisão do Tribunal Constituci­onal, que afirmou que a Bolívia foi refundada em 2009 com a nova Carta Magna sancionada pelo próprio presidente na época.

Importante­s nomes da oposição a Evo, afirmaram ontem que a decisão do Tribunal Constituci­onal representa um “golpe” contra a democracia do país. O líder da Unidade Democrata (UD), Samuel Doria Medina, classifico­u a decisão do tribunal de “ilegítima” e disse que o governo de Evo quer se eternizar no poder. “É a primeira vez que um governo democrátic­o desconhece o voto popular. No dia 21 de fevereiro (de 2016), os bolivianos foram às urnas e disseram que não queriam a reeleição. Agora, esse governo ignora isso”, afirmou Medina.

O ex-presidente Jorge Quiroga chamou os juízes de “capangas à serviço de Evo” e também afirmou que eles “deram um golpe contra a democracia”.

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