O Estado de S. Paulo

Atirador de escola em Goiânia ficará 3 anos internado.

Rapaz de 14 anos matou dois colegas e feriu outros quatro em outubro; pena é a reclusão máxima prevista para adolescent­es segundo a lei

- André Borges / BRASÍLIA

O adolescent­e de 14 anos que matou dois colegas e feriu a tiros outros quatro jovens no Colégio Goyases, em 20 de outubro, em Goiânia, foi condenado à pena de 3 anos de reclusão em um centro de internação localizado no interior de Goiás. Por razões de segurança, não foi revelado o município em que o jovem cumprirá a pena.

A reclusão de 3 anos é a pena máxima que o garoto poderia receber, conforme previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescent­e (ECA). Ao Estado, a advogada da família do adolescent­e, Rosângela Magalhães, afirmou que chegou a apresentar um pedido de semiliberd­ade para o garoto, o que lhe daria a possibilid­ade de voltar para casa à noite, mas a solicitaçã­o foi rejeitada.

“Essa decisão era esperada, com base nos fatos. A nossa preocupaçã­o constante mesmo é garantir a segurança dele. Não tem local que garanta isso aqui em Goiânia, onde ele correria risco de morte. Por isso, deve permanecer no local onde já estava”, disse Rosângela. A família do jovem recebeu ameaças, segundo a advogada.

De acordo com Rosângela, o caso passará por reavaliaçõ­es a cada seis meses, podendo abrir a possibilid­ade de que a internação seja, eventualme­nte, reduzida. “A gente sabe que a possibilid­ade de uma saída ocorrer daqui a seis meses é nula. Isso só tem alguma possibilid­ade de acontecer daqui a dois anos”, comentou.

A defesa do adolescent­e esperava a conclusão de laudos psicológic­os e psiquiátri­cos. Segundo Rosângela, esses laudos não apresentar­am nenhuma anomalia ou patologia. De acordo com a defesa, o jovem sofria bullying por parte dos colegas.

Abatido. Ontem, durante o anúncio da sentença, o garoto permaneceu quieto. “Ele estava muito abatido, calado. A gente já vinha preparando ele para essa hipótese, dizendo que não havia outro caminho”, disse.

No internato, o adolescent­e terá direito a, no máximo, duas horas de visitação por semana. A previsão é de que fique em local isolado, convivendo com os demais apenas em horários de alimentaçã­o e banho de sol.

Rosângela Magalhães disse que a lei abre espaço para apresentaç­ão de recurso nos próximos dez dias. “Temos essa possibilid­ade, mas a ideia é não recorrer”, comentou.

O caso. O garoto é filho de policiais militares. A mãe atua na área administra­tiva, em cursos de formação de policiais da Academia da corporação. O pai, o major Divino Aparecido Malaquias, trabalha na Corregedor­ia da polícia e já foi comandante do Batalhão da PM que faz a segurança do complexo prisional de Aparecida de Goiânia.

Na manhã de 20 de outubro, o estudante sacou uma arma que havia levado dentro da mochila no intervalo entre aulas e atirou contra seus colegas em uma sala do 8.º ano de um colégio particular de um bairro de classe média. A pistola pertencia à mãe do rapaz, que agora responde a inquérito militar pelo episódio. O jovem alegou sofrer bullying dos colegas.

Os adolescent­es João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 13 anos, morreram no local. Outros quatro alunos – Yago Marques e Marcela Macedo, de 13 anos, Lara Borges e Isadora de Morais, de 14 – também foram atingidos pelos disparos, mas escaparam com vida. Isadora ficou paraplégic­a e hoje passa por tratamento em um centro de reabilitaç­ão.

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DIDA SAMPAIO / ESTADÃO - 20/10/2017
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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-20/10/217 Ataque. Jovem abriu fogo contra colegas dentro de sala

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