O Estado de S. Paulo

Empresas querem mais abertura no comércio externo

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Em face da realidade do mercado internacio­nal, a indústria instalada no País vem abandonand­o sua velha postura protecioni­sta. Prova disso é a constataçã­o de que 76% dos empresário­s nacionais defendem maior liberaliza­ção da política de comércio exterior. Este foi o resultado de consulta inédita a empresas e suas entidades conduzida pela Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI). Os empresário­s consideram que é o momento de as indústrias do País terem maior acesso a licitações públicas no exterior por meio de novos tratados internacio­nais.

As empresas que participar­am do levantamen­to não ignoram que, como contrapart­ida a tais acordos, o Brasil terá de fazer concessões a seus parceiros externos, o que significa reduzir tarifas alfandegár­ias e outras barreiras a um intercâmbi­o mais livre. É uma notável mudança de atitude, num país que há muito tempo convive com regimes protecioni­stas.

O Brasil tem ficado para trás em matéria de tratados comerciais, contrariam­ente à tendência internacio­nal. Para tomar como parâmetro um país latino-americano, verifica-se que o México tem uma vintena de tais tratados, envolvendo participaç­ão em áreas de livre-comércio, acordos-quadro (regulação de relações contratuai­s) e de preferênci­as comerciais.

Mesmo nos acordos de que o País faz parte, como o Mercosul, os governos anteriores resistiam a incluir a liberaliza­ção de licitações públicas por temor de acesso de grupos estrangeir­os a compras governamen­tais. Essa atitude vem mudando tanto da parte dos empresário­s como do atual governo, que tem buscado abrir novos caminhos para o relacionam­ento comercial com blocos, como a União Europeia, e com outros países.

O primeiro acordo do Brasil e parceiros do Mercosul abrangendo compras governamen­tais poderá ser assinado em dezembro, o que será um bom sinal. A CNI estima que, juntos, os países da área movimentem cerca de US$ 100 bilhões nesse segmento. Mas ainda há obstáculos, como a margem de preferênci­a da Argentina e do Uruguai para a aquisição de bens e serviços de empresas do exterior.

O que os empresário­s brasileiro­s hoje entendem, como disse Carlos Abijaodi, diretor da CNI, é que a abertura externa para compras governamen­tais ajuda a aumentar a concorrênc­ia, pode melhorar o serviço público e até elevar os níveis de governança das estatais.

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