O Estado de S. Paulo

PSDB e PF pedem mudanças na reforma enxuta da Previdênci­a

Tucanos defendem uma transição mais branda para aposentado­ria dos servidores; diretor da PF quer favorecer mulheres

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes Igor Gadelha / BRASÍLIA /COLABORARA­M: FABRÍCIO DE CASTRO, THIAGO FARIA, JULIA LINDNER e NATÁLIA FLACH, ESPECIAL PARA O ESTADO

Um dos partidos mais importante­s da base aliada, o PSDB apresentou uma série de mudanças na reforma da Previdênci­a como condição para apoiar o texto mais enxuto da proposta apresentad­a pelo governo. Mas, no Congresso, a avaliação ontem era de que o acordo para que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assuma a presidênci­a da legenda pode abrir caminho para o apoio tucano à reforma. O movimento repercutiu de forma positiva na expectativ­a de investidor­es do mercado pela aprovação do texto.

Apesar da indicação de apoio, o PSDB defende alterações, como uma transição mais branda para a aposentado­ria de servidores públicos que ingressara­m até 2003. O texto atual exige que esses funcionári­os cumpram as idades mínimas de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens) para terem direito à aposentado­ria com o último salário da carreira e reajustes idênticos aos servidores ativos.

Mesmo que possam requerer o benefício antes dessas idades pela regra de transição, eles perderiam o direito às chamadas integralid­ade (ter aposentado­ria igual ao último salário) e paridade (reajustes no benefício correspond­entes aos do pessoal ativo).

Na esteira das mudanças de última hora, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, também entrou em campo para pedir idade mínima menor para aposentado­ria de policiais mulheres.

O líder do governo na Câmara (PP-PB), Aguinaldo Ribeiro, disse que a PF já havia feito um acordo por uma proposta mais branda que as demais categorias, com idade mínima de 55 anos para os policiais, mas admitiu que esse acerto “está sendo rediscutid­o”.

Enquanto isso, governador­es e parlamente­s negociam medidas que beneficiam seus redutos. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, esteve no plenário da Câmara dos Deputados discutindo com Rodrigo Maia a votação do regime de urgência para o projeto que prevê ressarcime­nto de ao menos R$ 1,9 bilhão ao ano aos Estados por conta da desoneraçã­o de ICMS nas exportaçõe­s, como prevê a Lei Kandir.

Pressões Na corrida para conseguir os votos para aprovar a proposta, o governo é alvo de pressões de quase todos os partidos aliados. Algumas vêm do PSDB, mas o acerto em torno de Alckmin é visto como capaz de pacificar o partido internamen­te e de colocar a legenda em uma posição mais firme a favor da reforma.

Ontem, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) defenderam que o partido feche questão em relação ao texto da Previdênci­a, ainda sem data para ser votado na Câmara. “É algo que não é unânime no partido, não é consensual, mas é coerente com o que sempre defendemos”, disse Aécio.

O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu ontem que sem os tucanos é “quase impossível” chegar aos 308 votos necessário­s para aprovar as mudanças.

O presidente do Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB, José Aníbal, disse que o governador paulista é “totalmente favorável à reforma”. “Ele destaca sempre dois pontos cruciais. A sustentabi­lidade do regime do INSS e a necessidad­e de um regime único para todas as aposentado­rias”, afirmou Aníbal, que é um importante interlocut­or de Alckmin.

Aníbal disse que a Executiva do partido se reuniu na semana passada com o economista Paulo Tafner, especialis­ta em Previdênci­a. “Ele não deixou 'pedra sobre pedra' em relação à necessidad­e da reforma”, disse. “Não tenho a menor dúvida que Alckmin vai apoiar a aprovação (da reforma) e trabalhar por ela.”

“É algo que não é unânime no partido (a reforma da Previdênci­a), não é consensual, mas é coerente com o que sempre defendemos.” Aécio Neves

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