O Estado de S. Paulo

BTG usará empresa nacional para crescer no setor de adesivos

CCRR entrou no portfólio do banco em 2011, passou por uma reestrutur­ação e deve ter primeiro lucro em 2017

- Renata Agostini

Após dois anos de reestrutur­ação, o BTG quer acelerar a expansão da CCRR, uma das principais fabricante­s de rótulos e adesivos do País, controlada por um de seus fundos. A companhia, que deve registrar o primeiro lucro desde que o banco se tornou sócio, em 2011, agora planeja partir para a compra de rivais, intensific­ando assim seu processo de cresciment­o.

A ideia é adquirir empresas de menor porte ou que atuem em segmentos complement­ares. Há interesse em oportunida­des no Brasil e em países da América Latina – a CCRR exporta para 11 países da região. Algumas conversas já estão em andamento, afirma o presidente da empresa, Ricardo Lobo. A companhia também planeja investir em maquinário para elevar a capacidade da fábrica no Paraná.

Em 2017, as receitas devem se aproximar de R$ 400 milhões, mas a meta é chegar em 2020 com faturament­o 50% maior. “Dá para alcançar R$ 1 bilhão? Dá. Com um pouco mais de tempo”, afirma Lobo.

O ânimo deriva, em parte, das boas perspectiv­as para a economia. Os planos de expansão, porém, só são possíveis depois de um forte ajuste nas contas da empresa, diz o executivo.

“Saímos de uma rotina que não dava nem para planejar a semana que vem. Na crise, o plano era pagar o banco e viver um dia de cada vez. Agora, sem dívida e com cenário bem menos volátil, começamos a planejar.”

Uma das apostas do BTG quando queria encorpar investimen­tos em private equity (fatias de empresas), a CCRR não teve queda nas vendas apesar da recessão. Mas o aprofundam­ento da crise dificultou a renovação de linhas de crédito e a companhia viu-se com uma dívida alta e cara. Em 2015, a alavancage­m bateu oito vezes a geração de caixa.

A solução coordenada pelo BTG, que se tornou controlado­r e hoje tem 85% do negócio, incluiu abandonar a atuação em segmentos menos rentáveis, como a produção de papéis para máquinas de cartão de crédito, e cortar todo tipo de custo.

Por outro lado, a CCRR elevou investimen­to em pesquisa na tentativa de ampliar o catálogo num mercado em que a concorrênc­ia estrangeir­a é intensa – a americana Avery Dennison é a principal rival no Brasil.

O time de engenheiro­s contratado­s mais do que dobrou. Hoje são 20 dedicados ao desenvolvi­mento de produtos, como autoadesiv­os capazes de manter a aderência a 40 graus negativos, demandados por frigorífic­os, ou produtos resistente­s a altas temperatur­as, usados na rotulagem de frutas no Nordeste. Um novo produto é lançado a cada 45 dias. São 150 no portfólio.

A ideia, diz Lobo, é intensific­ar essa abordagem, ampliando investimen­tos, por exemplo, na produção das etiquetas RFID, uma espécie de código de barras inteligent­e, que armazena mais informaçõe­s sobre os produtos e que já vem sendo utilizado intensamen­te por setores como o varejo. A CCRR aposta ainda no aumento das vendas explorando a demanda por rótulos personaliz­ados. A expansão do setor de cervejas artesanais e da produtos para suplementa­ção alimentar, por exemplo, puxam os pedidos. Investidor­es. O dinheiro para catapultar a expansão da CCRR virá de novos investidor­es ou de financiame­nto, mas não dos sócios do BTG. Após apostas malsucedid­as e a crise desencadea­da pela prisão de André Esteves, um dos sócios, o banco iniciou um programa de venda de empresas e mudou sua forma de estruturar o negócio.

Agora, os investimen­tos em private equity serão todos feitos com recursos de terceiros e o banco lucrará com taxa de administra­ção e performanc­e.

“Saímos de uma rotina que não dava nem para planejar a semana que vem. Na crise, o plano era pagar o banco e viver um dia de cada vez. Agora, sem dívida e com cenário bem menos volátil, começamos a planejar.” Ricardo Lobo

PRESIDENTE DA CCRR

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CCRR Fábrica. Companhia mudou portfólio para investir em produtos de maior valor agregado

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