O Estado de S. Paulo

Otimismo com a economia tem pior índice, mostra Ibope

Ibope. Melhora da atividade é a aposta da gestão Temer na disputa presidenci­al de 2018, mas só 21% preveem mais prosperida­de no ano que vem; 86% consideram governo corrupto

- Daniel Bramatti

Apenas 21% dos entrevista­dos acreditam que a economia vai melhorar, pior índice em 8 anos, e mais de 80% consideram o governo corrupto. Para Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope, sinais de melhora econômica não estão sendo percebidos.

O otimismo dos brasileiro­s em relação ao desempenho da economia teve uma queda significat­iva e chegou em novembro ao patamar mais baixo dos últimos oito anos, segundo série histórica de pesquisas Ibope. Apenas 21% preveem mais prosperida­de no próximo ano – metade do porcentual obtido no levantamen­to anterior, feito no final de 2016.

A expectativ­a no governo federal é de que a melhora lenta da atividade econômica – incluindo os indicadore­s de cresciment­o, renda e emprego – se transforme em um ativo eleitoral para impulsiona­r um candidato governista na disputa presidenci­al do próximo ano.

A mais recente pesquisa do Ibope traz outras más notícias para Temer: mais de 80% da população considera que o governo brasileiro é corrupto, está no rumo errado e não respeita a vontade dos cidadãos.

A pergunta específica sobre a economia em 2018 revela que 28% dos brasileiro­s preveem mais dificuldad­es em 2018, e que quase metade (48%) prevê que nada mudará em relação a este ano.

“Apesar de a economia dar sinais de melhora, ela ainda não está sendo percebida pela população, por isso a expectativ­a em relação ao próximo ano é a pior da série histórica medida desde 2010”, disse Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope.

O futuro de Temer está atrelado ao bom desempenho da economia principalm­ente porque o nome mais citado entre os possíveis candidatos da coalizão governista é justamente o de seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, do PSD. A avaliação do Palácio do Planalto é a de que os indicadore­s de emprego e renda estarão mais favoráveis no próximo ano, o que dará aos governista­s capital político para disputar a Presidênci­a.

No final de setembro, levantamen­to do Ibope revelou que apenas 3% da população considera a gestão de Temer ótima ou boa. Nas pesquisas eleitorais mais recentes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem aparecido em primeiro lugar, seguido pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

Reservas. Quase nove em cada dez brasileiro­s não estão conseguind­o guardar dinheiro, segundo o levantamen­to do Ibope. Nos estratos de maior renda (classes A e B), quase um quarto da população chega ao final do mês sem gastar toda a renda. Nas classes D e E, apenas 5% fazem o mesmo.

O instituto também fez um questionam­ento menos específico, sobre como será o ano que vem “de maneira geral”. Para 41%, será melhor (queda de 27 pontos porcentuai­s em relação à pesquisa de 2016). Para 29%, será pior (os pessimista­s eram 17% há 12 meses).

O Ibope fez a pesquisa como parte de um estudo internacio­nal sobre as expectativ­as em relação a 2018 e a percepção das populações de diferentes países sobre diversos governos e líderes mundiais.

No caso do Brasil, 86% concordam com a afirmação de que o governo é corrupto. Para 81%, a vontade da população não é respeitada. Apenas 12% consideram que o País está sendo conduzido pelo caminho certo, e 85% opinam o contrário.

“Apesar de a economia dar sinais de melhora, ela ainda não está sendo percebida pela população, por isso a expectativ­a em relação ao próximo ano é a pior da série histórica medida (pelo

Ibope) desde 2010.” Márcia Cavallari DIRETORA EXECUTIVA DO IBOPE

Segundo a pesquisa, há diferenças significat­ivas nos níveis de otimismo em relação à economia nas distintas regiões do País. No Sul, por exemplo, apenas 14% dos moradores esperam prosperida­de no ano que vem – sete pontos porcentuai­s a menos do que na média nacional. No outro extremo, o Norte/Centro-Oeste, 29% estão otimistas.

O levantamen­to do Ibope foi realizado entre os dias 20 e 27 de novembro, com 2.002 entrevista­dos em 142 municípios de todas as regiões do Brasil. A margem de erro estimada é de dois pontos porcentuai­s para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95% – ou seja, se 100 pesquisas fossem feitas com a mesma metodologi­a, 95 teriam resultado dentro da margem de erro.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil