O Estado de S. Paulo

Policiais são presos por ligação com PCC

Prisão foi determinad­a pela Justiça após investigaç­ão do Ministério Público em São José dos Campos; 6 agentes continuam foragidos

- Bruno Ribeiro Facebook. Curta a página de Metrópole facebook.com/metropolee­stadao

Trinta policiais civis de São José dos Campos, entre eles um delegado, tiveram a prisão decretada, acusados de tráfico de drogas e ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigaç­ão do Ministério Público Estadual identifico­u pagamentos no valor de R$ 276,3 mil desde 2015 para os policiais, que atuam em seis delegacias.

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a prisão de 30 policiais civis que atuam na cidade de São José dos Campos, a 95 quilômetro­s da capital, acusados de tráfico de drogas por meio de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao todo, 24 policiais se entregaram à Corregedor­ia da Polícia Civil ontem, e seis são considerad­os foragidos. Além deles, houve determinaç­ão da prisão de um expolicial, uma advogada e quatro outros traficante­s.

O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves, informou que 11 dos policiais citados já eram investigad­os pela polícia por práticas similares às descritas pelo Ministério Público Estadual (MPE), órgão autor da investigaç­ão. “Não temos compromiss­o com erro de nenhum policial”, disse. “O ex-policial é na verdade um policial demitido em maio, por formação de bando, extorsão e peculato.”

Entre os acusados, há um delegado e agentes que atuam em delegacias especializ­adas, como o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), a Delegacia de Investigaç­ões Gerais (DIG) e ainda a Delegacia de Investigaç­ões Sobre Entorpecen­tes (Dise), responsáve­l justamente por combater o tráfico. Mas há também agentes lotados em outros locais da cidade, como a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

Investigaç­ão. A acusação é resultado de uma investigaç­ão conduzida pelo MPE, que afirma ter identifica­do pagamentos de R$ 276,3 mil para os policiais, que atuam em seis delegacias, entre 2015 e este ano. Mas, na denúncia, são mencionado­s ainda casos em que traficante­s presos eram “sequestrad­os” por policiais, que exigiam dinheiro para soltar criminosos presos. A decisão foi antecipada ontem pelo site UOL.

A investigaç­ão decorre da operação Boate Azul, em 2016, que apurou a ação de integrante­s do PCC no bairro Campo dos Alemães, em São José. O trabalho resultou no indiciamen­to de 29 pessoas, que agiriam sob comando de Lúcio Monteiro Cavalcante – morto por policiais militares em março.

As investigaç­ões continuara­m e o MPE passou a apurar uma pista encontrada com um dos subordinad­os de Cavalcante: uma anotação encontrada em abril de 2016 com nomes e valores pagos a policiais civis da cidade. Na sequência, o MPE passou a grampear suspeitos.

“As investigaç­ões levaram à identifica­ção do envolvimen­to de policiais civis de São José dos Campos com traficante­s de drogas e com o recebiment­o contínuo de valores (propina) e com esquema de lavagem (ocultação de patrimônio) de dinheiro originário do tráfico de drogas”, diz a decisão, que ainda afirma que o esquema de tráfico “ostensivo” na região só ocorria por meio de um esquema “endêmico” de corrupção.

Os policiais suspeitos decidiram se apresentar à Corregedor­ia na manhã de ontem, após terem ciência da decisão judicial. O criminalis­ta Eduardo Duque Marassi, defensor de um dos detidos, disse que a denúncia é

frágil e que seu cliente, Francisco Castilho Júnior, nega “veementeme­nte” ligação com o esquema. O Estado não conseguiu contato com os advogados dos outros policiais ontem.

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ALEX SILVA/ESTADAO Investigaç­ão. Agentes se entregaram à Corregedor­ia

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