Policiais são presos por ligação com PCC
Prisão foi determinada pela Justiça após investigação do Ministério Público em São José dos Campos; 6 agentes continuam foragidos
Trinta policiais civis de São José dos Campos, entre eles um delegado, tiveram a prisão decretada, acusados de tráfico de drogas e ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação do Ministério Público Estadual identificou pagamentos no valor de R$ 276,3 mil desde 2015 para os policiais, que atuam em seis delegacias.
O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a prisão de 30 policiais civis que atuam na cidade de São José dos Campos, a 95 quilômetros da capital, acusados de tráfico de drogas por meio de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao todo, 24 policiais se entregaram à Corregedoria da Polícia Civil ontem, e seis são considerados foragidos. Além deles, houve determinação da prisão de um expolicial, uma advogada e quatro outros traficantes.
O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves, informou que 11 dos policiais citados já eram investigados pela polícia por práticas similares às descritas pelo Ministério Público Estadual (MPE), órgão autor da investigação. “Não temos compromisso com erro de nenhum policial”, disse. “O ex-policial é na verdade um policial demitido em maio, por formação de bando, extorsão e peculato.”
Entre os acusados, há um delegado e agentes que atuam em delegacias especializadas, como o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e ainda a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), responsável justamente por combater o tráfico. Mas há também agentes lotados em outros locais da cidade, como a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Investigação. A acusação é resultado de uma investigação conduzida pelo MPE, que afirma ter identificado pagamentos de R$ 276,3 mil para os policiais, que atuam em seis delegacias, entre 2015 e este ano. Mas, na denúncia, são mencionados ainda casos em que traficantes presos eram “sequestrados” por policiais, que exigiam dinheiro para soltar criminosos presos. A decisão foi antecipada ontem pelo site UOL.
A investigação decorre da operação Boate Azul, em 2016, que apurou a ação de integrantes do PCC no bairro Campo dos Alemães, em São José. O trabalho resultou no indiciamento de 29 pessoas, que agiriam sob comando de Lúcio Monteiro Cavalcante – morto por policiais militares em março.
As investigações continuaram e o MPE passou a apurar uma pista encontrada com um dos subordinados de Cavalcante: uma anotação encontrada em abril de 2016 com nomes e valores pagos a policiais civis da cidade. Na sequência, o MPE passou a grampear suspeitos.
“As investigações levaram à identificação do envolvimento de policiais civis de São José dos Campos com traficantes de drogas e com o recebimento contínuo de valores (propina) e com esquema de lavagem (ocultação de patrimônio) de dinheiro originário do tráfico de drogas”, diz a decisão, que ainda afirma que o esquema de tráfico “ostensivo” na região só ocorria por meio de um esquema “endêmico” de corrupção.
Os policiais suspeitos decidiram se apresentar à Corregedoria na manhã de ontem, após terem ciência da decisão judicial. O criminalista Eduardo Duque Marassi, defensor de um dos detidos, disse que a denúncia é
frágil e que seu cliente, Francisco Castilho Júnior, nega “veementemente” ligação com o esquema. O Estado não conseguiu contato com os advogados dos outros policiais ontem.