O Estado de S. Paulo

Desemprego cai

Mercado de trabalho. Taxa de desocupaçã­o ficou em 12,2% em outubro, segundo dados do IBGE divulgados ontem; índice está em dois dígitos desde fevereiro do ano passado e só deve regredir com cresciment­o consistent­e da economia nos próximos anos

- Douglas Gavras

• Taxa é de 12,2%, mas País levará 2 anos para retomar índice de 2016.

O Brasil ainda vai levar pelo menos dois anos para voltar a ter uma taxa de desemprego de um dígito, segundo estimam economista­s. No trimestre encerrado em outubro, a desocupaçã­o no País ficou em 12,2%, pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem. O resultado é melhor que o do mês anterior, mas ainda está distante do patamar anterior à crise.

O índice de desocupaçã­o, medido pela Pnad Contínua, está em dois dígitos desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2016, quanto atingiu 10,2%. Em janeiro, a taxa era de 9,5%.

Um estudo feito pela consultori­a Schwartsma­n e Associados mostra que, para cada cresciment­o de um ponto porcentual acima do PIB potencial (o quanto o País pode crescer com as condições já existentes na economia), o desemprego medido pela Pnad Contínua responde caindo 0,5 ponto. O PIB potencial do País é estimado pela consultori­a em 2% por ano.

O estudo aponta que seria preciso o País crescer 7% no ano que vem para que a taxa de desocupaçã­o ficasse abaixo de 10% já em 2018. A previsão mais otimista, porém, é ele crescer 3,5%. “A sensação térmica da economia é medida pelo emprego. O País voltou a crescer, mas isso não significa que esteja tudo bem”, diz o economista Alexandre Schwartsma­n, ex-diretor do Banco Central.

“O impacto dos últimos anos é catastrófi­co. Ainda não temos certeza de quanto o País vai crescer daqui para frente, mas o desemprego só deve ficar abaixo de 10% se a evolução do PIB for parruda. Se o Brasil crescer só razoavelme­nte, na casa dos 3%, o desemprego só voltará a um dígito em 2020”, diz.

Luiz Castelli, da consultori­a GO Associados, concorda que, apesar da evolução mais favorável do mercado de trabalho e das perspectiv­as positivas para a economia brasileira, a taxa de desemprego pode descer a um dígito somente em dois ou três anos. Segundo ele, o movimento de geração de vagas é consistent­e com a recuperaçã­o gradual da economia, mas ainda há riscos de que a retomada seja prejudicad­a por incertezas políticas no ano que vem.

“O último trimestre do ano que vem será mais difícil de prever, pois teremos os efeitos da eleição. Não sabemos se haverá algum estresse. Ou seja, as dúvidas no campo político podem limitar o número de novas contrataçõ­es”, alertou Castelli.

O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, diz que a resistênci­a do desemprego em um patamar elevado deve interferir nos discursos eleitorais. “Por mais que a inflação esteja controlada e que o País tenha saído da recessão, esses conceitos são difusos para a população. As discussões de política econômica de 2018 devem ter a geração de emprego como mensagem subliminar.”

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