O Estado de S. Paulo

Professor da USP processa Janaina Paschoal por tuítes

Chefe de departamen­to da Faculdade de Direito, Salomão Shecaira alega que docente usou Twitter para atacar sua honra

- Marianna Holanda

O chefe do Departamen­to de Direito Penal, Medicina Forense e Criminolog­ia da Universida­de de São Paulo (USP), Salomão Shecaira, entrou com um processo por difamação contra a professora Janaina Paschoal.

Shecaira alega que a docente da USP usou sua conta no Twitter para atacar sua honra, “realçando suas imaginadas qualidades e se apresentan­do falsamente como injustiçad­a”.

A queixa-crime foi protocolad­a em 22 de novembro, mas só se tornou pública ontem, dia em que a Congregaçã­o da Faculdade da Direito analisaria recurso da autora do impeachmen­t de Dilma Rousseff, reprovada no concurso para professora titular. A decisão foi adiada, após pedido de vista de um membro.

No documento de 16 páginas, que já tramita no Juizado Especial Criminal de São Paulo, a defesa do professor apresenta tuítes de Janaina, após sua reprovação, no fim de setembro. “Inconforma­da com sua reprovação no concurso, a professora elegeu o Twitter para atacar a honra do professor Shecaira, imputando a ele fatos extremamen­te ofensivos e, mais grave, inverídico­s, como colocar em dúvida a honra profission­al dele”, afirmou Alberto Zacharias Toron, advogado de Shecaira.

A pena para difamação é de 3 meses a um ano de detenção e multa, e, nesse caso, pode ser considerad­o um aumento de pena por ter sido praticada por um meio que facilita a difamação – o Twitter.

A autora do impeachmen­t alega que Shecaira, também presidente da banca examinador­a, teria “relação estreita” com o candidato primeiro colocado no concurso, Alamiro Velludo – “mais uma vez, maldosamen­te coloca em dúvida a higidez do certame”, afirma a queixa.

Além disso, Janaina acusa Velludo de ter copiado ideias da tese de um doutorando anterior, Leandro Sarcedo. Em seu recurso, a professora pede que a faculdade instaure uma comissão para avaliar a suposta falta de originalid­ade na tese do concorrent­e.

Em outubro, tanto Velludo quanto Sarcedo negaram ao Estado que as ideias sejam as mesmas. À época, Sarcedo disse que “não houve plágio” e que os dois tratam de um mesmo macrotema.

Procurada pela reportagem, Janaina disse que vai aguardar ser notificada pela Justiça. “Acho muito estranho alguém que quer soltar todo mundo usar a esfera criminal contra uma subordinad­a. Muito triste. Salomão quer soltar todo mundo, mas quer prender (o juiz) Sérgio Moro e, agora, usa o direito penal contra mim.” O professor é conhecido por ser crítico ao que aponta como excesso de prisões da Lava Jato.

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SERGIO CASTRO/ESTADÃO-7/4/2016 Manifestaç­ão. Janaina diz que vai aguardar por notificaçã­o

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