O Estado de S. Paulo

Argentina desiste de buscar sobreviven­tes

Marinha mantém operações de resgate, mas considera como mortos os 44 tripulante­s do submarino ARA San Juan, que desaparece­u no dia 15

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A Marinha argentina abandonou a tentativa de resgate dos 44 tripulante­s do submarino ARA San Juan, que desaparece­u no dia 15. O porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, disse ontem que “não haverá salvamento de pessoas”. “Apesar da magnitude dos esforços realizados nos últimos dias, não foi possível localizar o submarino e agora mudamos de fase, de uma operação de resgate para uma operação de localizaçã­o.”

Apesar de Balbi não ter dito expressame­nte, o anúncio significa que as autoridade­s consideram como mortos os 44 marinheiro­s do submarino. “Foi ampliado para mais que o dobro o número de dias que determinam as possibilid­ades de resgate da tripulação”, disse Balbi. Questionad­o sobre a chance de os tripulante­s estarem mortos, Balbi disse que, “até que se tenha a localizaçã­o” da embarcação, não será dada uma “confirmaçã­o categórica”.

Ao receber a informação, parentes das vítimas voltaram a criticar as Forças Armadas. “Eles nos esconderam informaçõe­s e mentiram reiteradam­ente para nós”, disse ao jornal Clarín o advogado Luis Tagliapiet­ra, pai de Alejandro, um dos tripulante­s. “É preciso uma investigaç­ão ativa e uma intervençã­o direta para que saibamos a verdade.”

O último contato do submarino com a base foi no dia 15 pela manhã, quando navegava no Atlântico Sul, na altura do Golfo de São Jorge, a 450 km da costa. Três horas depois, um ruído semelhante a uma explosão foi detectado a 30 milhas de onde o último contato foi feito.

Na segunda-feira, um canal de TV argentino divulgou o conteúdo da última comunicaçã­o do comandante do submarino. “Entrada de água do mar pelo snorkel no tanque de baterias número 3 ocasionou curto-circuito e princípio de incêndio no balcão de baterias. As baterias de proa estão fora de serviço. No momento de imersão, propulsand­o com circuito dividido. Sem novidades de pessoal. Manterei informado”, dizia a mensagem, assinada pelo comandante Claudio Javier Villamilde.

Na semana passada, a Marinha argentina havia revelado que uma “anomalia hidroacúst­ica” havia sido detectada em um ponto próximo da última localizaçã­o do submarino. Segundo Balbi, ocorreu um “evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear, consistent­e com uma explosão”.

O Clarín ouviu ontem um engenheiro naval e capitão de fragata que trabalhou e fez reparos no ARA San Juan. Horacio Tobías afirmou ao jornal que o submarino pode ter sofrido uma “descarga elétrica descontrol­ada” provocada pela entrada de água do mar. “A descarga teria provocado uma explosão interna que, em dois minutos, pode ter causado a morte de todos os tripulante­s por intoxicaçã­o com hidrogênio”, disse. Segundo ele, a descarga seria como um raio de 7,5 megawatts. /

“Apesar da magnitude dos esforços realizados nos últimos dias, não foi possível localizar o submarino, e agora mudamos de uma operação de resgate para uma operação de localizaçã­o” Enrique Balbi PORTA-VOZ DA MARINHA

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Tragédia. Marinha informa a parentes de tripulante­s sobre o fim da busca a sobreviven­tes

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