Polêmicas e desconfiança são marcas dos sorteios
Em edições anteriores, ocorreram críticas ao comportamento dos convidados e suspeitas de manipulação
Imaginem se Gianni Infantino aparecesse hoje no palco da cerimônia da Fifa com seu netinho para que ele realizasse o sorteio da Copa. Foi exatamente isso que João Havelange fez em 1978, antes da Copa da Argentina. Ele levou Ricardinho, seu neto, ao local. Naquela ocasião, o brasileiro estava repetindo o gesto inaugurado em 1938 por Jules Rimet. Na cerimônia para aquele Mundial, o então mandachuva do futebol contou com a ajuda do seu neto Yves.
Repleto de histórias, acusações e saias-justas, o sorteio da Copa foi sempre permeado por debates. Nos últimos meses, o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, sugeriu algumas vezes que sorteios para grandes torneios europeus eram manipulados, com bolinhas frias colocadas dentro dos potes. Mas garantiu que, enquanto era ele que organizava o evento, jamais ocorreram manobras ilícitas.
Benny Alon, um ex-executivo que trabalhava para vender ingressos da Copa, também admitiu em 2016 que os eventos mostrados ao mundo como uma surpresa eram, de fato, uma grande encenação. Na quarta-feira, a Fifa garantiu que não havia qualquer chance de manipulação.
Se o sorteio de hoje promete ampla cobertura mundial, nem sempre a escolha dos adversários foi considerada prioritária. Em 1930, no primeiro Mundial, as chaves foram conhecidas três dias antes do início. Em 1950, no Brasil, a ausência de algumas seleções atrapalhou o evento da formação dos grupos. Houve quem se beneficiou: o Uruguai ficou no Grupo 4, com a Bolívia, já que os demais optaram por não vir ao Brasil.
Em 1966, na Inglaterra, o sorteio começaria a ganhar ares de um evento de proporções internacionais, com transmissão ao vivo. O de 1974 foi marcado por enorme saia-justa no auge da Guerra Fria: a Alemanha Ocidental enfrentaria a Alemanha Oriental no mesmo grupo.
Sophia Loren, em 1990, contribuiria para aumentar a polêmica. Ela não disfarçava sua alegria ao sortear para enfrentar a sua Itália os times da Checoslováquia, EUA e Áustria, num grupo considerado fácil para os donos da casa. A acusação no dia seguinte foi de que Sophia estava com um anel magnetizado e que atrairia as “bolas corretas”.
Em 2006, mais uma polêmica, desta vez na Alemanha. Lothar Mattheus foi acusado de ter sido orientado a procurar as bolas frias que haviam sido colocadas num congelador antes do evento para garantir um grupo mais fraco para o time da casa.
Em 2014, a transmissão do sorteio realizado na Bahia foi marcada pela censura imposta pela TV do Irã a trechos inteiros da cerimônia. O motivo: o decote generoso do vestido de Fernanda Lima. /
Critérios discutíveis Em 2014, a polêmica começou antes do sorteio. A Fifa colocou Suíça e Bélgica como cabeças de chave, permitindo a criação de grupos da morte. A Itália foi uma das vítimas e caiu na primeira fase