Tite quer seleção ‘humana’ na Rússia
CBF manterá famílias próximas aos jogadores e concentração não será fechada; equipe terá jogo de despedida no Rio
O plano montado pelo técnico Tite para a seleção brasileira visando a Copa do Mundo tem um objetivo: “humanizar” o grupo e criar um clima positivo com as famílias dos jogadores e com o torcedor. Edu Gaspar, coordenador de seleções da CBF, explicou ontem que a ideia da entidade é resgatar a relação da seleção com o “povo” e, para isso, vai promover um jogo de despedida no Maracanã em maio, provavelmente no dia 26, antes do embarque para a Rússia.
A intenção é também a de “quebrar paradigmas” e evitar o confinamento dos jogadores por quase dois meses. A CBF confirmou ontem que Sochi será de fato a base da seleção na Rússia. Tudo, porém, será feito para “quebrar tabus”.
A seleção não terá psicólogos. “Tite é um bom psicólogo”, disse Edu. Se sob o comando de Luiz Felipe Scolari a “família Scolari” era a prioridade, agora a família dos jogadores ganhará importância. Por isso, todas serão convidadas a ficar em um hotel perto da seleção em Sochi.
“A família potencializa a vitória. Onde é que uma família não é bem-vinda?”, questionou Edu, lembrando sua experiência no Corinthians de permitir o acesso dos filhos dos jogadores aos sábados. “Não queremos ninguém 100% confinado. São muitos dias e precisamos ter relações com a família. Humanizar o dia a dia. Fazer uma coisa mais normal, bater bola com o filho.’’
Em Sochi, o hotel usado pela seleção não será exclusivo para o time. Mas Edu deixa claro que isso não quer dizer que a concentração se transformará numa nova Weggis, a cidade na Suíça da bagunçada preparação para o Mundial de 2006.
Tite não vai adotar cartilhas. “Dia de folga é dia de folga”, avisou Edu. Ele, porém, insiste que tudo será “conversado antes”. “O que não podemos ter é surpresa.” O coordenador não teme ser alvo de espiões. “Não podemos ficar pensando nisso. Hoje, temos tecnologia que filma até a alma”, brincou.
Povo. Outra estratégia é a de construir uma relação “positiva” com o torcedor. Antes de embarcar para a Copa, Tite quer um amistoso no Rio. “O jogo serve de preparação. Mas também para dar um sinal ao povo de que estamos saindo todos juntos”, disse Edu.
Uma das ideias pedir para a Fifa que autorize 11 substituições, para que todos os jogadores possam entrar em campo. “Queremos uma aproximação com o povo”, disse.
Em Sochi, a comissão técnica planeja transformar parte do hotel em um local de “bem-estar” e que permita aos jogadores relaxarem. Além de levar comida brasileira, a comissão quer transformar a suíte presidencial do hotel e outros locais em salas de recuperação para os atletas depois dos jogos e treinamentos, além de montar uma academia. Com um torneio curto e com sete jogos até a final, Edu Gaspar diz que quer investir “na recuperação de atletas”.
O coordenador minimizou as distâncias a percorrer na Rússia e apontou que o principal critério para escolher Sochi foi a infraestrutura, hotel e a existência de um bom campo. “Vamos ficar no sul. Mas pode ser que tenhamos de jogar no norte”, disse. “Os deslocamentos são bem organizados.”
Edu Gaspar COORDENADOR DE SELEÇÕES DA CBF ‘A família potencializa a vitória. Onde é que uma família não é bem-vinda?’