O Estado de S. Paulo

Cresce o déficit da previdênci­a urbana

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A recuperaçã­o da economia já aparece nas contas da Previdênci­a Social divulgadas há dias pelo Tesouro Nacional, que mostraram aumento real da arrecadaçã­o líquida do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 4% entre outubro de 2016 e outubro de 2017. Mas esse pequeno avanço da receita em pouco altera o desequilíb­rio da previdênci­a dos trabalhado­res privados, com déficit de R$ 13,8 bilhões em outubro, 19,5% superior ao de igual mês de 2016, e de R$ 156,5 bilhões nos primeiros 10 meses do ano, superando em 21,3%, descontada a inflação, o de igual período de 2016. O vulto do desequilíb­rio previdenci­ário impede o controle das despesas do Tesouro e inviabiliz­a um superávit das contas fiscais da União que lhe permitiria investir mais.

O aumento do déficit da Previdênci­a Social entre 2016 e 2017 se deve ao cresciment­o do número de beneficiár­ios – mais 602,9 mil – e à elevação de 3,6% do valor médio real dos benefícios, além do pagamento de precatório­s. Nos mesmos períodos, a arrecadaçã­o líquida avançou 0,7%, explicada por contribuiç­ões previdenci­árias que cresceram 1,2% e redução de restituiçõ­es.

O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 5.º bimestre, preparado pela Fazenda, mostrou que as despesas totais com benefícios previdenci­ários já atingiram R$ 450 bilhões em 2017, quase o dobro das despesas com pessoal e encargos sociais, de R$ 228,9 bilhões. O total de despesas do INSS com benefícios deverá atingir R$ 561,1 bilhões neste ano, equivalend­o a 40,7% da receita total da União. Como a alta das despesas será inexorável até a aprovação da reforma previdenci­ária, a tendência é de agravament­o das contas fiscais.

Até dois anos atrás, a chamada previdênci­a rural (dos trabalhado­res rurais) era a grande responsáve­l pelo desequilíb­rio previdenci­ário. Mas a situação mudou e a previdênci­a urbana (dos trabalhado­res das cidades) pesa cada vez mais no déficit. O desequilíb­rio da previdênci­a urbana passou de R$ 42,8 bilhões, nos primeiros 10 meses de 2016, para R$ 66,2 bilhões, em igual período de 2017, alta real de 54,8%, comparativ­amente ao aumento real de 4,7% do déficit da previdênci­a rural. Isso se explica, em parte, porque os benefícios pagos aos aposentado­s do setor urbano avançaram 7,5% reais entre 2016 e 2017, enquanto as contribuiç­ões aumentaram apenas 0,5%.

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