O Estado de S. Paulo

‘DÁ UM CONFORTO TER DIREITOS GARANTIDOS’

Maria José conseguiu emprego de doméstica

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Aempregada doméstica Maria José Francisco, de 35 anos, reconquist­ou a carteira assinada em agosto, após quase sete anos vivendo de bicos, na informalid­ade. Depois que perdeu o emprego como auxiliar de serviços gerais, foram mais de seis anos dedicados aos filhos e aos trabalhos que conseguia conciliar com a rotina da casa.

Maria José é uma das 173 mil pessoas que aderiram ao trabalho doméstico no trimestre encerrado em outubro, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados ontem pelo IBGE.

O segmento foi um dos que mais abriram vagas em apenas um trimestre, com a construção, com 169 mil postos de trabalho a mais. No comércio, foram 208 mil funcionári­os a mais. “O emprego doméstico chama a atenção. É muitas vezes uma forma de inserção no mercado de trabalho informal, que pode acontecer por falta de opção. Por falta de uma oportunida­de com carteira assinada na iniciativa privada, ela busca o emprego doméstico”, ressaltou Cimar Azeredo, coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Maria José trabalhou como manicure e começou a fazer faxina algumas vezes na semana, sem carteira assinada, em abril. “A gente vai se virando, vai dando um jeito”, disse. Com a assinatura da carteira como empregada doméstica, voltou a tranquilid­ade sobre o salário que receberia no fim do mês. “Dá um conforto, pelo fato de que você está trabalhand­o e tem todos os seus direitos garantidos”, comemorou. O retorno ao mercado formal de trabalho só foi possível, segundo ela, porque o filho mais velho agora já pode cuidar dos menores enquanto ela está fora.

Em queda. Por outro lado, houve fechamento de vagas em outubro numa das atividades com maior proporção de trabalhado­res formais, a indústria. O parque industrial do País demitiu 85 mil empregados em outubro, após meses de aumentos consecutiv­os nas contrataçõ­es.

“Isso pode ser sazonal. A indústria tem se movimentad­o mais nessa parte do segundo e terceiro trimestre. Agora ela se movimenta ao contrário”, explicou Azeredo. “Aí o comércio vai absorver agora parte dessa população (de trabalhado­res temporário­s)”, disse Azeredo.

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