21 trabalhos do futuro
Ofuturo é imprevisível, claro. Mas existem maneiras de imaginá-lo. Não o futuro muito, muito distante, mas aquele próximo. Desde 2010, a Cognizant, uma consultoria voltada à transformação digital, estuda o novo trabalho. Seu último relatório, 21 Jobs of the Future, sugere novas carreiras que devem surgir nos próximos dez anos. Passar os olhos por elas dá uma boa noção sobre que mundo estamos construindo.
A turma é otimista. “Milhões de pessoas estão em profissões que odeiam”, registra o texto. “Não deveríamos ficar nostálgicos pelo iminente desaparecimento de trabalhos como o de analista de hipotecas.”
Duas tecnologias vão virar tudo de cabeça para baixo. De um lado, automação de hardware – robôs, carros autônomos, caixas inteligentes em lojas, eletrodomésticos vários. Do outro, automação de software. O sistema que organiza sua vida: reserva hotéis, liga o arcondicionado, mantém a contabilidade em dia – e, sim, analisa hipotecas. Muitos especialistas acreditam que haverá menos trabalho. Mas não todos. “Máquinas são ferramentas e ferramentas precisam ser usadas por pessoas”, estabelece o relatório da Cognizant.
Não é só automação que afeta o mundo. Há outras transformações. O fato de que viveremos muito mais, a tendência de encarar com mais seriedade mudanças climáticas, e um mundo no qual as fronteiras são cada vez mais tênues.
Pinçadas, aqui estão algumas das novas carreiras. São, todas, exercícios de imaginação. Mas em nada improváveis.
Corretor de Dados Pessoais: o Vale do Silício inteiro é um negócio montado em cima de dados pessoais. Mas não são apenas Google e Facebook que estão neste ramo. Bancos, operadores de telefonia celular, qualquer um que lhe ofereça um cartão de milhagem, cada aplicativo em seu telefone. Estes dados valem dinheiro e é inevitável que, em algum momento, ou o Estado, ou o mercado, entre para devolver ao pobre indivíduo algum poder sobre as informações que produz. E, se vale dinheiro, um corretor que trabalhe para você descobrirá novas formas de vender sua informação, por um porcentual do lucro.
Curador de Memória Pessoal: uma das muitas novas carreiras voltadas para o cuidado de idosos. Haverá avanços no tratamento de doenças da cognição como Alzheimer, mas serão lentos. O curador de Memória Pessoal criará, a partir do acervo do idoso, das histórias que conta, daquilo que os parentes conhecem, experiências interativas com sons, imagens e realidade virtual para instigar as mentes que começam a falhar. Recriará ambientes, talvez cenas.
Controlador de Tráfego Urbano: cheias de veículos autônomos e drones de entrega, cidades precisarão estabelecer e gerenciar as rotas permitidas com muito cuidado para evitar poluição sonora ou visual, driblar o risco de acidentes. Entre as funções estará a de encontrar e multar carros que estejam trafegando há tempo demais sem pessoas, piorando desnecessariamente o trânsito.
Chief Trust Officer: corrupção está na pauta do mundo ao passo em que a vigília sobre paraísos fiscais aumenta e os vazamentos continuarão. Este novo CTO trabalha entre a diretoria financeira e a de relações públicas, garantindo que as transações de uma empresa tenham a transparência necessária e não violem leis e padrões éticos dos países em que opera.
O Mentor do Bem-estar Financeiro ajuda quem tem dificuldades de manter a carteira digital equilibrada. O Gestor da Relação Homem/Máquina cuida para que a interação entre pessoas e robôs no ambiente de trabalho seja eficiente. Haverá cargos para quem seja bom de conversa com pessoas solitárias. Para executivos que garantam os padrões éticos de todos os fornecedores numa cadeia logística.
É um mundo diferente que vem aí.
Passar os olhos sobre novas carreiras dá uma boa noção do que estamos construindo