O Estado de S. Paulo

Rouanet reembalada

Ministro da Cultura rebate críticas sobre a nova Lei Rouanet

- Pedro Rocha ESPECIAL PARA O ESTADO

Com a nova IN, é possível trazer verba não incentivad­a e potenciali­zar a presença das empresas, o que não era permitido” Eduardo Saron DIRETOR DO ITAÚ CULTURAL

A expectativ­a é de que as modificaçõ­es incentivem patrocinad­ores a fazer seu investimen­to em eventos literários e facilitem a execução dos projetos” Luis Antonio Torelli PRESIDENTE DA CÂMARA BRAS. DO LIVRO

As mudanças na Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, formalizad­as nesta quintafeir­a, 30, pelo Diário Oficial da União, dividiram opiniões no mundo cultural. Ao todo, são sete alterações fundamenta­is. Em evento em São Paulo, no Fórum Brasileiro pelos Direitos Culturais, o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, defendeu as mudanças, feitas por meio de instruções normativas (IN), mas afirmou que as decisões podem ainda ser reavaliada­s. “Não temos a pretensão de estar imunes a erros.”

Em seu discurso, após apresentar os principais pontos instaurado­s pelas IN, Leitão pediu para que as pessoas tentem entender os motivos pelos quais foram feitas as alterações. “Quero que avaliem as mudanças a partir dos princípios que nos orientaram.”

O ministro citou questões levantadas pelo Estado, em análise publicada na quinta-feira, 30, como o uso de medidas compensató­rias, para quando o proponente não completar o projeto em sua totalidade. “Antes, se, porventura, o proponente deixasse de cumprir algo, digamos, correspond­ente a um por cento do projeto, a única punição existente era a devolução de todos os recursos, algo absurdo e equivocado.”

Para Leitão, o fato de um projeto não conseguir atingir 100% da sua totalidade não significa, necessaria­mente, má fé. “Às vezes, problemas objetivos impedem que se cumpram 100% do projeto, mas isso não significa má fé, dolo ou fraude. Óbvio que, quando identifica­rmos fraude, seremos implacávei­s na identifica­ção e na punição em âmbito administra­tivo.”

O ministro defendeu ainda que a gestão do MinC seja responsáve­l por evitar possíveis problemas causados por outra alteração, a que eleva de 20 para 50% o limite de gastos no projeto com cônjuges ou parentes do proponente. “O objetivo dessa medida é contemplar uma série de atividades como, por exemplo, as de circo, onde há uma relação familiar. Vimos que não havia sentido de impedirmos que artistas de um circo não recebessem cachês por meio da Lei pelo fato de serem parentes dos donos do circo.”

Por isso, para evitar qualquer tipo de fraude, Leitão prega o fortalecim­ento da fiscalizaç­ão. “O MinC tem que exercer seu papel, de analisar, habilitar os projetos, acompanhar a realização e fiscalizar a execução, visando o interesse público.”

O ministro defende também um planejamen­to com governos estaduais para ampliar a utilização da Lei Rouanet em áreas desfavorec­idas. “Temos que persuadir mais empresas nessas regiões para utilizar a Lei Federal de Incentivo à Cultura.” Para mudanças que envolvem alterações diretas na lei, Leitão defende o diálogo com o Congresso. “Queremos chegar a um Projeto de Lei de consenso, para que possa tramitar tranquilam­ente e ser aprovado ainda ano que vem”. A ideia é criar um cronograma de debates para debater a modernizaç­ão da Lei.

Sou muito defensora da lei. Olho para ela com muito carinho. Vejo essas mudanças como um aprimorame­nto”

Lia Vissoto

DONA DA A CINNAMON COMUNICÃO

Não foi uma reformulaç­ão, foi uma atualizaçã­o nos procedimen­tos da lei. Era uma modernizaç­ão necessária”

Eduardo Barata PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE TEATRO (APTR)

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Ministro Sá Leitão. Tentativa de tornar acesso menos burocrátic­o

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