O Estado de S. Paulo

Quase 100% das vagas criadas no setor privado são informais

Desde abril, foram criados 2,3 milhões de postos de trabalho no País; no setor privado, no entanto, só 17 mil eram com carteira assinada

- Daniela Amorim / RIO / COLABOROU MARIA REGINA SILVA

Desde que o emprego começou a dar sinais de melhora, no trimestre encerrado em abril, o País já registrou a abertura de 2,3 milhões de novos postos de trabalho. O aspecto negativo, segundo o IBGE, é que quase a totalidade das vagas foram criadas na informalid­ade.

De abril para cá, foram abertas apenas 17 mil vagas com carteira assinada no setor privado. Os demais foram sem carteira assinada no setor privado (721 mil); trabalho por conta própria (676 mil); empregador­es (187 mil); no serviço doméstico (159 mil); e no setor público (511 mil).

“Todas as vezes que você tem total de empregador­es aumentando junto com trabalhado­res por conta própria, pode ter certeza que é informalid­ade. Se o empregador não aumenta junto com o emprego com carteira assinada, é aumento de informalid­ade”, diz Cimar Azeredo, coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE.

De todas as vagas geradas no período, cerca de 1,743 milhão foram voltadas para a informalid­ade, 75,5% do total, calculou o coordenado­r do IBGE. “Tem uma grande chance de boa parte desses trabalhado­res serem informais (sem carteira no setor privado, serviço doméstico, empregador e trabalhado­r por conta própria). No setor privado, praticamen­te 100% das vagas geradas foram informais. O restante foi serviço público”, ressaltou Azeredo.

Ele aponta que a crise econômica e o cenário político conturbado estão por trás do aumento da informalid­ade do emprego no País. “Isso de certa forma inibe o processo de investir e empreender, e, consequent­emente, tem um aumento da informalid­ade. As pessoas estão entrando no mercado de trabalho através dos setores de alojamento, alimentaçã­o, comércio, construção de baixa qualidade”, lembrou o pesquisado­r.

O Brasil ganhou 868 mil postos de trabalho em apenas um trimestre, ao mesmo tempo em que 586 mil pessoas deixaram o contingent­e de desemprega­dos. “A continuida­de da geração de vagas é consistent­e com o atual processo de ampliação do consumo das famílias, o que sustenta as perspectiv­as de maior tração da atividade econômica neste e, principalm­ente, no próximo ano”, avaliou o analista Thiago Xavier, da Tendências Consultori­a Integrada.

No trimestre encerrado em outubro, porém, o mercado de trabalho perdeu 37 mil vagas com carteira assinada em relação ao trimestre anterior, encerrado em julho. O contingent­e de trabalhado­res sem carteira assinada no setor privado cresceu em 254 mil pessoas, e outros 326 mil indivíduos aderiram ao trabalho por conta própria. Com mais gente trabalhand­o, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 2,578 bilhões no período.

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