Quase 100% das vagas criadas no setor privado são informais
Desde abril, foram criados 2,3 milhões de postos de trabalho no País; no setor privado, no entanto, só 17 mil eram com carteira assinada
Desde que o emprego começou a dar sinais de melhora, no trimestre encerrado em abril, o País já registrou a abertura de 2,3 milhões de novos postos de trabalho. O aspecto negativo, segundo o IBGE, é que quase a totalidade das vagas foram criadas na informalidade.
De abril para cá, foram abertas apenas 17 mil vagas com carteira assinada no setor privado. Os demais foram sem carteira assinada no setor privado (721 mil); trabalho por conta própria (676 mil); empregadores (187 mil); no serviço doméstico (159 mil); e no setor público (511 mil).
“Todas as vezes que você tem total de empregadores aumentando junto com trabalhadores por conta própria, pode ter certeza que é informalidade. Se o empregador não aumenta junto com o emprego com carteira assinada, é aumento de informalidade”, diz Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
De todas as vagas geradas no período, cerca de 1,743 milhão foram voltadas para a informalidade, 75,5% do total, calculou o coordenador do IBGE. “Tem uma grande chance de boa parte desses trabalhadores serem informais (sem carteira no setor privado, serviço doméstico, empregador e trabalhador por conta própria). No setor privado, praticamente 100% das vagas geradas foram informais. O restante foi serviço público”, ressaltou Azeredo.
Ele aponta que a crise econômica e o cenário político conturbado estão por trás do aumento da informalidade do emprego no País. “Isso de certa forma inibe o processo de investir e empreender, e, consequentemente, tem um aumento da informalidade. As pessoas estão entrando no mercado de trabalho através dos setores de alojamento, alimentação, comércio, construção de baixa qualidade”, lembrou o pesquisador.
O Brasil ganhou 868 mil postos de trabalho em apenas um trimestre, ao mesmo tempo em que 586 mil pessoas deixaram o contingente de desempregados. “A continuidade da geração de vagas é consistente com o atual processo de ampliação do consumo das famílias, o que sustenta as perspectivas de maior tração da atividade econômica neste e, principalmente, no próximo ano”, avaliou o analista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada.
No trimestre encerrado em outubro, porém, o mercado de trabalho perdeu 37 mil vagas com carteira assinada em relação ao trimestre anterior, encerrado em julho. O contingente de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado cresceu em 254 mil pessoas, e outros 326 mil indivíduos aderiram ao trabalho por conta própria. Com mais gente trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 2,578 bilhões no período.