O Estado de S. Paulo

EUA abandonam pacto da ONU sobre migração e refugiados

Segundo embaixador­a, Trump é contra vários pontos do acordo e os americanos é que devem decidir quem entra no país

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A embaixador­a americana na ONU, Nikki Haley, anunciou que os Estados Unidos decidiram retirar-se do Pacto Mundial das Nações Unidas sobre Migração e Refugiados por considerar que a política migratória do país deve ficar somente nas mãos do governo de Washington.

“Os EUA são orgulhosos de sua herança migratória e de nossa duradoura liderança moral ao dar apoio aos migrantes e refugiados de todo mundo. Mas nossas decisões com relação à política migratória devem ser tomadas sempre pelos americanos e somente pelos americanos”, disse Haley em sua conta no Twitter. “Nós vamos decidir como controlar melhor nossas fronteiras e quem estará apto a entrar em nosso país.”

Em setembro de 2016, os 193 membros da Assembleia-Geral da ONU adotaram a chamada Declaração de Nova York, que tem como princípio o entendimen­to de que nenhum país pode gerir a migração internacio­nal por conta própria. Além disso, os Estados se compromete­ram a melhorar a gestão internacio­nal dos movimentos de refugiados e migrantes, por meio do acolhiment­o e do apoio ao regresso a partir do ano que vem.

Com base no acordo assinado no ano passado, o Alto-Comissaria­do para Refugiados recebeu a incumbênci­a de propor um Pacto Mundial em seu relatório anual na Assembleia-Geral em 2018. Nesse pacto deverá constar a definição de uma lista de respostas para enfrentar o problema de migração e de refugiados e um programa de ação.

Os Estados Unidos se uniram ao pacto durante o governo de Barack Obama (2009-2017), mas o presidente Donald Trump considera que “numerosos pontos” deste documento “são contrários” às políticas sobre migração e refugiados, informou a missão americana na ONU em um comunicado.

Por esse motivo, o presidente Trump “decidiu retirar-se” de um acordo com o qual se aspirava alcançar um consenso unânime no organismo internacio­nal no próximo ano, acrescento­u o comunicado.

Fronteira. O controle de fronteira tem estado no topo da agenda do presidente desde a campanha eleitoral e, após assumir a Casa Branca, ele tentou em três ocasiões adotar um veto migratório, cuja primeira versão foi apresentad­a em 27 de janeiro. Depois de um grande caos nos aeroportos e numerosos reveses judiciais, Trump apresentou em março sua segunda proposta contra refugiados de países de maioria muçulmana, que acabou sendo substituíd­a por outro veto, apresentad­o em setembro, restringin­do a entrada nos EUA de cidadãos da Coreia do Norte e funcionári­os da Venezuela.

No ano passado, durante a campanha eleitoral, Trump prometeu deportar um grande número de imigrantes e construir um muro na fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes ilegais e reduzir a criminalid­ade nos EUA.

Em um comunicado, o presidente da Assembleia-Geral da ONU, o eslovaco Miroslav Lajcák, afirmou que o papel dos EUA no processo é “fundamenta­l”. “O multilater­alismo continua sendo a melhor forma de enfrentar os desafios globais”, disse.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a decisão dos EUA, mas manifestou a esperança de que o país possa retornar às conversaçõ­es.

“Nossas decisões com relação à política migratória devem ser tomadas somente pelos americanos” Nikki Haley

EMBAIXADOR­A DOS EUA NA ONU

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TOM BRENNER/THE NEW YORK TIMES-15/9/2017 Soberania. Nikki Haley diz que os EUA é que decidirão como vão controlar suas fronteiras

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