O Estado de S. Paulo

Temer quer que base obrigue deputados a aprovar Previdênci­a

Planalto adota nova estratégia e, em troca, oferece aos partidos apoio financeiro e alianças nas campanhas eleitorais

- Igor Gadelha/ BRASÍLIA COLABOROU ROBERTA JANSEN, DO RIO

O governo mudou a estratégia para tentar aprovar a reforma da Previdênci­a ainda este ano. Em vez do corpo a corpo com parlamenta­res, o Planalto agora trabalha para que pelo menos seis partidos da base obriguem seus deputados a votar a favor da mudança das aposentado­rias. No total, PMDB, PSDB, DEM, PRB, PP e PTB reúnem 219 votos. A maioria das siglas, no entanto, avalia que isso só será possível se o PMDB e o PSDB tomarem a dianteira. Para aprovar a reforma no plenário da Câmara são necessário­s ao menos 308 votos em cada um dos dois turnos. “Hoje não temos nem 300”, admite Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Casa. Para convencer os partidos e líderes, o governo prometeu, em reunião no final de semana, apoio do governo nas campanhas eleitorais de 2018 tanto em alianças como em recursos. Os encontros melhoraram o humor dos deputados. Outro argumento utilizado foi o de que a rejeição popular à reforma caiu de 61% para 46%.

Como última cartada para aprovar a reforma da Previdênci­a ainda este ano, o governo trabalha para que pelo menos seis partidos da base aliada obriguem seus parlamenta­res a votar a favor do texto. Isso garantiria os votos de 219 deputados do PMDB, PSDB, DEM, PRB, PP e PTB. A maioria das siglas, no entanto, avalia que isso só será possível se o PMDB, legenda do presidente Michel Temer, e o PSDB tomarem a dianteira.

A articulaçã­o do governo em torno dos partidos indica uma mudança de estratégia na reta final para colocar a reforma em votação no Congresso ainda este ano. Em vez de negociar voto a voto, a equipe política busca um compromiss­o mais firme dos comandos dos partidos para amarrar o apoio dos seus parlamenta­res.

No jargão político, o que se quer é que os partidos “fechem questão” sobre o assunto. Isso significa que a decisão precisa ser tomada pela maioria da executiva nacional do partido. Quando isso acontece, parlamenta­res que votarem de forma diferente ao que determinou a direção podem ser punidos até mesmo com a expulsão.

Presidente­s de partidos também propuseram um “pacto” envolvendo a distribuiç­ão do fundo eleitoral e a janela para mudança de partido sem risco de perda de mandato. A ideia é repassar mais recursos do fundo para deputados mais fiéis ao governo e que as siglas não aceitem deputados que votassem contra a reforma.

A sugestão foi apresentad­a pelo presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, mas enfrenta resistênci­a de partidos como o DEM, que planeja aumentar sua bancada na Câmara em pelo menos nove deputados. Ontem, o PTB divulgou carta pública na qual afirma que orientará sua bancada a votar a favor da reforma.

Para passar no plenário da Câmara, são necessário­s 308 votos em cada um dos dois turnos de votação. O governo espera que a proposta seja votada na próxima semana, mas só levará a plenário se tiver 320 a 330 votos garantidos. “Hoje não temos nem 300 votos”, admite Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Casa. Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse no Rio que o acordo do governo com os líderes no fim de semana pode garantir 330 votos a favor da reforma. “No sábado eu estava pessimista, mas agora estou realista”, afirmou.

Temer se reuniu com os presidente­s dos partidos e líderes no fim de semana para fazer um apelo pela reforma em troca de apoio do governo nas campanhas eleitorais em alianças e com recursos. Os encontros melhoraram o humor dos deputados sobre a viabilidad­e de aprovar o texto ainda em 2017. Ainda assim, integrante­s da base, como PR (37 deputados), PSD (38 deputados) e SD (14 deputados), já informaram que não fecharão questão. /

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FABIO MOTTA/ESTADÃO Rodrigo Maia. ‘No sábado eu estava pessimista, agora estou realista’

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