O Estado de S. Paulo

Por votos, governo dará mais R$ 3 bi a prefeitos

Segundo ministro, governo conta com articulaçã­o dos prefeitos com parlamenta­res para votar Previdênci­a

- Carla Araújo Felipe Frazão / BRASÍLIA

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, condiciono­u a liberação de verba extra de R$ 3 bilhões para prefeitos em 2018 à aprovação da reforma da Previdênci­a. “Se não for aprovada, esse dinheiro não existe”, afirmou. O governo já liberou R$ 2 bilhões para que os prefeitos pressionas­sem parlamenta­res pela votação do texto no Congresso.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, condiciono­u liberação de R$ 3 bilhões para os prefeitos em 2018 à aprovação da reforma da Previdênci­a. “Se a reforma não for aprovada este ano, esse dinheiro não existe”, disse ao Estadão/Broadcast. O governo conta com os administra­dores municipais para pressionar­em os deputados a aprovar o texto no Congresso. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O governo sinalizou com mais recursos aos municípios caso a reforma da Previdênci­a seja aprovada, de onde virá esse dinheiro? Com a aprovação da reforma da Previdênci­a, projetamos condições melhores de arrecadaçã­o, teremos melhorado a situação das contas públicas. O presidente Michel Temer quer no curso do ano que vem fortalecer ainda mais o chamado pacto federativo. Ele está pensando em conseguir um recurso extra para os municípios, em torno de R$ 3 bilhões.

Esse dinheiro é além dos R$ 2 bilhões já liberados?

Neste fim de ano, ele deu R$ 2 bilhões que vão ser acrescenta­dos ao Fundo de Participaç­ão dos Municípios. Os R$ 3 bilhões são para investimen­tos que serão viabilizad­os em 2018. Iniciado o ano, começam as tratativas. Deputados e senadores vão ser os interlocut­ores. Serão recursos destinados aos municípios por via dos parlamenta­res. Para os prefeitos conversare­m com o parlamenta­r. A ideia é que eles façam mobilizaçã­o, conversem com seus parlamenta­res e se aprovar a reforma da Previdênci­a, ano que vem o governo fará esse repasse para os municípios.

Depois desse acordo os prefeitos acenaram com manifestaç­ões a favor da reforma?

Uma vez marcada a data pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, os prefeitos estarão aqui um dia antes para fazer todo proselitis­mo possível em favor da reforma da Previdênci­a.

Mas de onde viriam esses recursos?

Se nós tivermos a reforma da Previdênci­a este ano, ainda teríamos de trabalhar no orçamento até o fim do ano.

E se não aprovar esse ano? (Esse recursos) não existem.

Nas negociaçõe­s pela reforma ainda há insatisfaç­ão na base aliada por demandas de cargos e emendas. Como isso está sendo tratado?

Acho que agora não é mais questão de cargos, emendas, essas questões estão superadas. Agora é uma questão de convencime­nto. A reforma é absolutame­nte indispensá­vel para o Brasil. A reforma é um processo Robin Wood, se corta processo de transferên­cia de renda dos mais pobres para os que estão mais abastados.

Por que deputados da base alegam pressão eleitoral para não votar a reforma da Previdênci­a? Os segmentos que se organizam são os privilegia­dos. O Zé, o João e a Maria nem sabem que a discussão está acontecend­o aqui. Essa discussão da Previdênci­a é feita de forma crítica por parte de quem não quer perder privilégio, é óbvio.

Houve erro de comunicaçã­o? Na guerra da comunicaçã­o, no início do processo, houve mais atividade por parte da oposição, de quem é contra a reforma. Foram mais eficazes e criaram esse convencime­nto sobre fatos irreais. Só o privilegia­do é contra a reforma da Previdênci­a, o trabalhado­r não tem por que ser contra, ele não é atingido de nenhuma forma.

O governo já discutiu o cenário de passar no Congresso apenas a idade mínima?

Isso nunca foi discutido. A idade mínima é importante, sim, mas essa questão de igualar os regimes para todos é mais importante do ponto de vista fiscal. O que se busca com essa reforma é ter um equilíbrio fiscal daqui a um tempo, ter previsibil­idade de equilíbrio. A reforma tem como pressupost­o acabar com um processo injusto de concentraç­ão de renda que enriquece os privilegia­dos.

É possível votar os dois turnos esse ano?

Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia, se for possível, quer votar os dois turnos. A reunião de anteontem levantou muito o astral favorável à aprovação este ano. A reforma está no nosso radar até o último dia de governo. Não tem desistênci­a. Queremos votá-la o mais rápido possível e o mais rápido possível é agora, este ano. Nós vamos insistir.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 6/9/2017 Radar. Padilha diz que o governo não desistiu da reforma

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