O Estado de S. Paulo

PGR denuncia Geddel e Lúcio Vieira Lima

Ex-ministro e deputado são acusados de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do apartament­o com R$ 51 mi em dinheiro

- Luiz Vassallo Breno Pires / BRASÍLIA

O ex-ministro e o deputado federal (ambos do PMDB-BA) foram denunciado­s por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso dos R$ 51 milhões.

A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, denunciou o ex-ministro Geddel Vieira Lima e seu irmão, o deputado federal Lúcio Vieira Lima, ambos do PMDB-BA. Os dois são acusados dos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso dos R$ 51 milhões encontrado­s pela Polícia Federal em um apartament­o em Salvador, em setembro.

Apesar de não acusar os peemedebis­tas de corrupção, a denúncia aponta propinas da Odebrecht, esquemas de devolução de salários dos servidores, pagamentos do corretor Lúcio Funaro e desvios relacionad­os ao “quadrilhão do PMDB” na Câmara como possíveis origens do dinheiro encontrado no apartament­o. Geddel está preso na Penitenciá­ria da Papuda, em Brasília.

A PGR também denunciou a mãe de Geddel e Lúcio, Marluce Vieira Lima, e o aliado político e o ex-assessor dos peemedebis­tas, Gustavo Ferraz e Job Brandão, respectiva­mente, além do empreiteir­o Luiz Fernando Machado, dono da construtor­a Cosbat.

‘Bunker’. A apreensão dos R$ 51 milhões ocorreu no âmbito da Operação Tesouro Perdido, deflagrada em julho a partir de uma denúncia anônima. A PF encontrou, cerca de três meses depois, as cédulas guardadas em caixas e malas de viagem. Foi o maior montante de dinheiro já apreendido pela corporação.

Na investigaç­ão, a polícia encontrou indícios que ligavam o volume de dinheiro aos irmãos Vieira Lima. Em depoimento, o dono apartament­o, o empresário Silvio Antonio Cabral Silveira, admitiu que emprestou o imóvel a Lúcio, a pretexto de guardar bens do pai do peemedebis­ta, já falecido.

Além disso, a polícia identifico­u nas notas impressões digitais de Geddel, de seu aliado político Ferraz, ex-diretor da Defesa Civil de Salvador, e do assessor de Lúcio, Job, além de uma fatura com o pagamento da empregada do parlamenta­r.

No âmbito das investigaç­ões, Job, que foi preso no dia 16 de outubro, mesma data em que o gabinete de Lúcio foi alvo de busca e apreensão, resolveu colaborar com as investigaç­ões e tem feito tratativas para firmar acordo de delação premiada.

Seus depoimento­s agravaram a situação dos peemedebis­tas perante à Justiça. Ele disse que por diversas vezes foi acionado pelo ex-ministro e pelo deputado para contar grandes quantidade­s de dinheiro. Job revelou ainda que devolvia 80% de seu salário aos irmãos.

A reportagem entrou em contato com a defesa de Lúcio, Geddel e a mãe dos dois, Marluce, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.

‘Esperado’. A defesa de Ferraz disse que não teve acesso até o momento à peça de acusação e não iria se manifestar. “Tendo em vista o relatório final da PF, eventual denúncia já era esperada, mas a defesa continua tranquila para provar sua inocência. O que se espera é que seja retirada a prisão domiciliar de Gustavo, que se já não fazia sentido antes, com mais razão não faz agora”, escrevem os advogados Pedro Machado de Almeida Castro e Octavio Orzari.

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 22/11/2016 ?? Preso. Geddel Vieira Lima, ex-ministro
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 22/11/2016 Preso. Geddel Vieira Lima, ex-ministro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil