O Estado de S. Paulo

Selic deve cair para 7%, menor piso histórico

Reunião do Copom amanhã deve derrubar Selic para 7%, mas mercado prevê que taxa voltará a subir em 2018

- Fernando Nakagawa / BRASÍLIA

O Banco Central deve anunciar amanhã nova redução do juro que levará a principal taxa da economia brasileira para o menor patamar da história. Diante da economia que ainda luta para se reerguer e sem pressão relevante à frente, economista­s apostam que a Selic cairá para 7% nesta semana – abaixo do piso histórico de 7,25%. Em fevereiro, é esperada nova redução. A festa, porém, pode ser curta e o mercado prevê a subida da taxa já no fim de 2018.

Nas últimas semanas, o BC deixou claro que se aproxima o fim do atual ciclo de afrouxamen­to do juro iniciado em outubro do ano passado. Após cortar a Selic praticamen­te pela metade com redução de 6,75 pontos porcentuai­s em 14 meses, a instituiçã­o indica que o movimento será amenizado e a aposta entre economista­s indica corte de 0,50 ponto nesta semana. Depois, a redução final de 0,25 ponto ocorreria em fevereiro de 2018. A partir daí, a taxa seguiria estável em 6,75%.

A pausa do BC é justificad­a pela perspectiv­a de gradual elevação dos preços no médio prazo. Com inflação acumulada de apenas 2,7% em 12 meses, a maioria dos analistas prevê que os índices entrarão em trajetória de gradual elevação nos próximos meses, mas em patamar considerad­o confortáve­l para o cumpriment­o da meta de 4,5% no próximo ano. A análise positiva leva em conta aspectos como a elevada ociosidade da economia e o desemprego ainda elevado.

Mas o mercado indica que a estabilida­de terminaria alguns meses à frente depois das eleições presidenci­ais. Economista­s consultado­s pela pesquisa Focus preveem alta do juro na última reunião de 2018, em dezembro. Nessa reunião, a Selic subiria 0,25 ponto, para 7%.

O banco de investimen­to Morgan Stanley é uma das casas que prevê alta do juro no fim do próximo ano. O economista para o Brasil do banco, Arthur Carvalho, argumenta em relatório que o País terá um ano “crítico” com a perspectiv­a de que a população escolha entre a continuida­de da agenda reformista e um candidato populista.

Com esse pano de fundo, a inflação deve acelerar suavemente nos próximos meses com a retomada da atividade e principalm­ente pela normalizaç­ão do preço dos alimentos – segmento que tem tido comportame­nto benigno desde 2016. “Isso pode permitir ao BC manter juros estáveis por boa parte de 2018, começando a redução dos estímulos no fim de 2018 ou início de 2019”, prevê Carvalho, cujo cenário-base prevê Selic a 7,5% no fim do próximo ano.

No fim de novembro, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, comentou que há percepção mais cética dos estrangeir­os sobre o juro. “Esse ceticismo se deve a dúvidas sobre o sucesso do ajuste fiscal”, disse. O Itaú, porém, não compartilh­a dessa visão.

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