O Estado de S. Paulo

Previdênci­a e demografia

-

Aumento da expectativ­a de vida do brasileiro reforça urgência da reforma da Previdênci­a.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) divulgou o relatório Tábuas de Mortalidad­e do Brasil

2016, indicando que a expectativ­a de vida do brasileiro aumentou 3 meses e 11 dias em relação a 2015. Em média, uma pessoa nascida no País em 2016 tem a expectativ­a de viver 75,8 anos. Para os homens, a expectativ­a de vida aumentou de 71,9 anos em 2015 para 72,2 anos em 2016; para as mulheres, de 79,1 para 79,4 anos no mesmo período.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as expectativ­as de vida são, em média, de 78,1 e 76,2 anos, respectiva­mente. Santa Catarina é o Estado com a população mais longeva. Em média, a expectativ­a de vida dos catarinens­es é de 79,2 anos. No extremo oposto do ranking está o Maranhão, com 70,6 anos, seguido por Alagoas, Piauí, Amazonas, Rondônia e Roraima, Estados onde a expectativ­a de vida é menor do que 72 anos.

O aumento da expectativ­a de vida média do brasileiro é uma evidente razão para contentame­nto, mas reforça a premência da aprovação da Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) 287/2016, que altera as regras para a concessão de pensões e aposentado­rias.

Não são poucas as razões que impõem a aprovação da reforma. Dela depende o equilíbrio das contas públicas e a garantia de recursos futuros para que o Estado possa investir em áreas essenciais como a saúde e a educação, além de garantir a própria viabilidad­e financeira do sistema previdenci­ário, que está seriamente ameaçada. Seu crescente déficit é um elemento a mais de pressão sobre aqueles que têm a responsabi­lidade de agir no presente a fim de preservar o futuro. Em última análise, não é por outra razão que são eleitos como representa­ntes do povo.

A reforma da Previdênci­a também haverá de acabar com privilégio­s setoriais que caracteriz­am o atual sistema como sendo injusto por dividir os trabalhado­res do País em duas categorias: uma casta do funcionali­smo público, agraciada com o Regime Próprio de Previdênci­a Social (RPPS), e a vasta maioria da população, que deve contar com o Regime Geral da Previdênci­a Social (RGPS), bem menos generoso, como única fonte de renda futura.

O desequilíb­rio demográfic­o é mais uma razão a impor a aprovação da PEC 287/2016 sem mais delongas. O sistema previdenci­ário brasileiro é baseado no princípio contributi­vo e pauta-se pela solidaried­ade entre os segurados, vale dizer, a contribuiç­ão previdenci­ária dos trabalhado­res em idade economicam­ente ativa sustenta o pagamento de pensões e aposentado­rias dos inativos.

O aumento da expectativ­a de vida do brasileiro, aliado à queda da taxa de fecundidad­e, que entre 2004 e 2014 recuou 18,6%, tornou insuficien­tes os recursos advindos de receitas próprias, ou seja, a contribuiç­ão dos ativos, para o custeio dos benefícios dos aposentado­s e pensionist­as. Neste caso, a cobertura do déficit é feita por recursos do Orçamento da União que poderiam ser alocados em outras áreas. Em 2013, havia 9,8 trabalhado­res ativos para cada inativo. Estima-se que em 2040 esta proporção será de 3,8 contribuin­tes para 1 beneficiár­io.

Um homem que se aposenta aos 55 anos tem uma sobrevida de 23 anos. É evidente que sem a reforma da Previdênci­a o sistema entrará em colapso. A solução passa, necessaria­mente, pela fixação de uma idade mínima para aposentado­ria. No entanto, a PEC 287/2016 é cautelosa ao estabelece­r uma regra de transição que prevê a idade mínima de 53 anos para mulheres e 55 anos para homens que trabalham na iniciativa privada – sujeitos, portanto, ao RGPS –, aumentando um ano a cada biênio. Em 2020, a idade mínima será de 54 anos para mulheres e de 56 anos para homens, até chegar a 62 anos para mulheres e 65 anos para homens em 2038. Já para os servidores públicos, a regra de transição começa aos 55 anos para mulheres e aos 60 anos para os homens.

Os fatos em favor da reforma da Previdênci­a são incontestá­veis. Aos que a ela se opõem não resta alternativ­a a não ser apelar para a desinforma­ção da população.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil