O Estado de S. Paulo

Ministro ‘ falou mais do que devia’, afirma Alberto Goldman

Presidente interino do PSDB rebate declaraçõe­s de Meirelles; para líder na Câmara, foi uma ‘deslealdad­e com a sigla

- Pedro Venceslau

Os tucanos reagiram ontem à entrevista do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao jornal Folha de S.Paulo, na qual ele criticou o PSDB e disse que a saída do partido do governo “terá consequênc­ias eleitorais” em 2018. Segundo Meirelles, os tucanos não estão comprometi­dos com a atual política econômica, que será o “legado” de Temer.

Presidente interino do PSDB, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman foi um dos que criticaram a entrevista. “Ele falou mais do que devia”, afirmou o dirigente. Segundo Goldman, Meirelles tem “plena consciênci­a” de que o PSDB é a favor da reforma da Previdênci­a, mas ressaltou que o governo ainda não chegou à versão final do texto que vai para votação no plenário.

“Meirelles não está lendo jornal”, disse Goldman sobre o posicionam­ento público de líderes tucanos em defesa das reformas. Sobre as “consequênc­ias eleitorais” da saída do PSDB do governo levantadas pelo ministro da Fazenda, o presidente interino do partido disse que isso é um problema “para depois”. “Temos tempo até julho do ano que vem. Não tem de discutir aliança agora”, afirmou.

O deputado federal Ricardo Tripoli, líder do PSDB na Câmara, também criticou as declaraçõe­s de Meirelles. “É uma deslealdad­e dele com o PSDB”, disse ao Estado. “Em vez de verificar quantos votos o partido dele (PSD) tem na base, Meirelles fica atacando o PSDB. Isso de defender o legado de Temer é besteira. Vamos mostrar à sociedade que vamos continuar com as reformas, estabiliza­r o País e fazer voltar a crescer”, afirmou.

Conta. Ainda segundo Tripoli, é “estranho” o ministro colocar na conta do PSDB algo que não é do partido. Aliados e interlocut­ores do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que no dia 9 deve assumir a presidênci­a nacional do PSDB, reclamam que o governo Michel Temer tem cobrado do partido um comportame­nto que outras siglas da base não têm.

Hoje, nem mesmo o PSD e o PMDB têm ampla maioria próreforma em suas bancadas. “Nós tivemos mais votos do que outros partidos da base na votação da reforma trabalhist­a”, disse Tripoli.

Ironia. Já o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), ironizou a possibilid­ade de Meirelles concorrer à Presidênci­a da República no ano que vem. “O ministro é um grande economista, mas não é muito identifica­do com as questões eleitorais”, afirmou o tucano.

Ainda de acordo com Bauer, o PSDB será protagonis­ta do processo eleitoral na campanha do próximo ano.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 28 /11/ 2017 Reforma. Para Goldman, Meirelles ‘não está lendo o jornal’

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