O Estado de S. Paulo

Corrupção é causa de 70% de ações com foro

- / B.B.

Cerca de 70% das ações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) envolvendo autoridade­s com prerrogati­va de foro – como parlamenta­res, ministros e governador­es – tratam de crimes relacionad­os à prática de corrupção. A estimativa foi feita pela Procurador­ia-Geral da República (PGR) e divulgada ontem pela manhã em evento pelo Dia Internacio­nal de Combate à Corrupção.

Atualmente há 95 ações penais e 439 inquéritos no STF, todos com envolvimen­to de autoridade­s que têm o chamado foro privilegia­do. Já no STJ – responsáve­l por analisar casos relacionad­os a governador­es e conselheir­os de Tribunais de Contas – existem 72 ações penais, 101 inquéritos e 54 sindicânci­as.

Ainda de acordo com o balanço divulgado ontem pela PGR, neste ano foram realizadas ao menos 40 operações de combate à corrupção em todo o País.

Os acordos de leniência firmados pelo Ministério Público Federal (MPF) com empresas investigad­as em casos de corrupção devem gerar o recebiment­o de R$ 24 bilhões aos cofres públicos, segundo dados da PGR. O levantamen­to não traz quais acordos estão incluídos nesse dado.

Pelo balanço divulgado, foram firmados 18 acordos de leniência – espécie de delação premiada feita pelas empresas. A maior multa estabeleci­da em acordos desse tipo foi a da J&F, de R$ 10,3 bilhões.

O balanço da PGR também define a delação premiada como um “fator importante para aprimorame­nto do trabalho de combate à corrupção”.

De acordo com os números da Procurador­ia-Geral, cerca de 200 pessoas tiveram acordos de delação homologado­s apenas nos processos referentes à Operação Lava Jato. Somando a atuação da PGR, no Supremo, com a do MPF na Justiça de primeira instância, a Lava Jato tem atualmente 293 acordos de delação. No balanço, a PGR destaca ainda que a delação também foi um “instrument­o decisivo” para o aprofundam­ento das investigaç­ões.

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