Em busca de 4º mandato, Evo sofre derrota.
Oposição pede e 65% dos bolivianos anulam ou votam em branco em eleição para juízes
Após uma campanha em que os opositores do presidente boliviano, Evo Morales, pediram aos eleitores insatisfeitos com o líder que anulassem o voto, a eleição para magistrados do Judiciário da Bolívia registrou mais de 65% de votos brancos ou nulos, com 80% das urnas apuradas, informaram ontem as autoridades eleitorais do país.
Seis dias antes da votação, a Justiça Constitucional boliviana tinha autorizado Evo a disputar o quarto mandato consecutivo, contrariando o resultado do plebiscito realizado em fevereiro de 2016, no qual 51% dos eleitores negaram ao líder a possibilidade de disputar a presidência novamente em 2019. Caso seja reeleito na próxima disputa presidencial, o líder do Movimento ao Socialismo (MAS) poderá permanecer 19 anos no poder.
No domingo, os bolivianos votaram para eleger magistrados de quatro instâncias judiciais: Constitucional, Supremo, Agroambiental e Conselho da Magistratura.
Os candidatos foram escolhidos pelo Parlamento do país, que é controlado por aliados do presidente. Cerca de 4,5 milhões de eleitores bolivianos – entre os 6,4 milhões inscritos – compareceram às urnas. O voto na Bolívia é obrigatório. O resultado final da apuração deverá ser divulgado até amanhã.
Evo não reconheceu o que a oposição qualificou como uma derrota do presidente boliviano. “Falaram que 70% dos votos seriam nulos. Onde estão os 70% da direita?”, ironizou o presidente.
“Essas eleições são para a parte jurídica, para uma boa administração da Justiça boliviana, não são eleições de autoridades políticas”, afirmou Evo.
A oposição promete protestar nas ruas e buscar instâncias internacionais para combater o que qualifica como golpe contra a democracia. “O povo boliviano derrotou Evo Morales. É imperativo que se respeite a vontade popular, expressada de novo com contundência”, tuitou o ex-presidente boliviano Carlos Mesa (2003-2005).