O Estado de S. Paulo

Os dados que balizarão a nova decisão do Fed

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Não será surpresa se o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevar a sua taxa de juros, atualmente em 1,25% ao ano, na reunião de seu Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) marcada para os dias 12 e 13 de dezembro. Em seu recente pronunciam­ento perante o Congresso, a atual presidente do Fed, Janet Yellen, não disse claramente que isso vai ocorrer, limitando-se a declarar que a instituiçã­o continuará mantendo sua trajetória de elevação gradual dos juros. Mais específico, Jerome Powell, indicado pelo presidente Donald Trump para substituir Yellen a partir de 2018, já afirmou publicamen­te que é a favor de um aumento dos juros ainda este ano.

Seja como for, são conhecidas as razões para um novo aumento dos juros pelo Fed em futuro próximo. Segundo os últimos dados do Departamen­to de Comércio, a economia americana teve um cresciment­o anualizado de 3,3% no terceiro trimestre; a taxa de desemprego caiu para 4,1%; e o núcleo da inflação (excluindo energia e alimentos) estava em 1,3% em setembro, abaixo da meta de 2%. Um ambiente de forte demanda como este poderia acabar levando à criação de uma perigosa bolha nos mercados financeiro e de ações. Os riscos tendem a aumentar com a efetivação dos cortes de impostos propostos por Trump, que pressionar­ão o endividame­nto público.

Uma nova alta dos juros nos EUA acentuará a fuga de capitais especulati­vos de mercados emergentes, como o Brasil. Isso pode gerar dificuldad­es para o financiame­nto da dívida pública e pode ter efeito sobre a taxa de câmbio, que tenderia a desvaloriz­arse diante do dólar. Tais movimentos implicaria­m aumento de custos para as empresas endividada­s em dólar e menor vantagem para buscar empréstimo­s no exterior. A depender da intensidad­e, a desvaloriz­ação do real poderia ter efeitos inflacioná­rios.

Contudo, a situação não seria dramática, mesmo porque a política de aperto monetário não seria posta em prática abruptamen­te. O Fed sob a chefia de Powell tende a seguir a mesma linha gradualist­a adotada na gestão de Yellen. Deve-se considerar, ainda, que a situação cambial do Brasil é bastante sólida, com baixo nível de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos e alto estoque de reservas cambiais.

O que pode, sim, agravar o quadro é a evolução política do País num ano eleitoral, como será 2018.

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