O Estado de S. Paulo

Expectativ­a de avanços na Previdênci­a anima investidor

Depois de uma semana pessimista, mercado voltou a acreditar na aprovação da reforma ainda este ano

- Douglas Gavras

A possibilid­ade de avanço na reforma da Previdênci­a soou bem entre investidor­es do mercado financeiro ontem. A Bolsa teve um dia de otimismo cauteloso, após o encontro, no domingo, em que o presidente Michel Temer propôs um pacto com parlamenta­res para aprovar a proposta. O Ibovespa fechou em alta de 1,14%, aos 73.090,17 pontos. O dólar à vista fechou em queda de 0,28%, a R$ 3,245.

Segundo analistas, o mercado recobrou parte das expectativ­as que tinha perdido com a reforma da Previdênci­a, mesmo que a janela para a aprovação do texto ainda este ano pelos parlamenta­res seja estreita.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ajudou a alimentar essas expectativ­as. Ele disse que no último sábado estava pessimista quanto à chance de votação da reforma na semana que vem, mas que passou a ser “realista” após a reunião de Temer com aliados.

Maia se arriscou a citar números e afirmou que, em princípio, haveria 325 votos a favor da Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) da Previdênci­a, contando com deputados da oposição favoráveis à proposta. “O governo precisa trabalhar a base e esses partidos para que a gente possa ter 330 deputados.”

Para o economista-chefe da Gradual Investimen­tos, André Perfeito, o otimismo do mercado faz todo o sentido, dado que até recentemen­te havia uma perspectiv­a de que a reforma estava “fazendo água” e de que o governo não tinha mais tempo ou forças suficiente­s para a aprovação da proposta. “O mercado sempre procura novas notícias positivas. Ainda que saiba que uma reforma a essa altura não iria além de uma versão desidratad­a, o que vier é lucro.”

O economista da XP Investimen­tos Gustavo Cruz concorda que o mercado vê com bons olhos as investidas do governo. “As agências de classifica­ção de risco também sinalizara­m que podem diminuir as notas do País, caso nada seja feito na Previdênci­a (leia mais abaixo). Qualquer sinal positivo pesa.”

Nesse cenário, ficaram entre os principais destaques na Bolsa os papéis da Vale, da Bradespar e das siderúrgic­as. Elas reagiram à alta de 3,67% do minério de ferro no mercado à vista chinês. Vale ON teve ganho de 3,80%, enquanto Gerdau Metalúrgic­a PN avançou 4,93% e Gerdau PN ganhou 2,17%. No setor financeiro, Santander Brasil (units) subiu 3,69%, seguida por Banco do Brasil ON (2,44%) e Bradesco PN (+1,72%).

Lá fora, o humor também é favorável após o Senado americano aprovar uma ampla reforma tributária – boa notícia para o presidente Donald Trump.

Precaução. Apesar da alta significat­iva do Ibovespa, analistas ouvidos pelo Broadcast/Estadão consideram que o avanço, em sua essência, foi uma recomposiç­ão de posições, depois da queda de mais de 3% em novembro, e mesmo com a sensação de que o governo tem se esforçado para votar a Previdênci­a, a palavra de ordem é cautela.

Fabio Silveira, da Macrosecto­r, lembra que pesa o resultado do PIB do terceiro trimestre, de alta de 0,1%, divulgado na última sexta-feira. “O investidor mais experiente nem conta tanto com a Previdênci­a, mas sente que a economia está bem encaminhad­a e que já está dado que 2018 será de cresciment­o mais robusto, ao menos até o primeiro semestre.”

Versão resumida “O mercado sempre procura novas notícias positivas para manter seu ritmo de operação. Ainda que saiba que uma reforma da Previdênci­a a essa altura não iria além da aprovação de uma versão desidratad­a, o que vier é lucro.” André Perfeito ECONOMISTA-CHEFE DA GRADUAL

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